O campineiro de 38 anos Carlos Eduardo Santalena atingiu um feito histórico essa semana. Pela quarta vez alcançou o topo do Monte Everest, o “teto do planeta”, a 8.848 metros, e tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar tal façanha na Cordilheira do Himalaia, no Nepal.
Com a esposa Olivia Bonfim, 33, de Guaxupé (MG), Santalena bateu mais um recorde: alcançar em uma janela de 24 horas os topos do Everest e do Lhotse (8.516m), a 4ª maior montanha do mundo. Essa foi a primeira vez de Olivia no Everest, sendo a 39ª brasileira a conseguir o feito.
O Double Head, como é chamado o desafio dos dois picos, fez de Olivia a primeira mulher brasileira a completar o percurso e de Santalena o segundo brasileiro a cumprir tal feito. Ambos estavam acompanhados por Pemba Sherpa, nepalês que é um dos mais experientes e famosos guias do Everest. Além deles, havia outros seis montanhistas.
Carlos Santalena é também o guia da expedição de clientes da Grade6, empresa de Campinas da qual é sócio e que há três décadas realiza expedições em altas montanhas ao redor do mundo.
“Nós estamos muito felizes pela conquista, mas mais feliz ainda para mostrar para as pessoas que estão a nossa volta que é possível ir muito além do limite nosso, e que a gente pode transformar vidas a partir de experiências incríveis”, disse Santalena ao Hora Campinas, nesta sexta-feira (24).
O topo do Everest foi alcançado as 10h30 da manhã de terça-feira (21), e as 10h05 de quarta-feira o cume do Lhotse recebeu os brasileiros. “Estamos muito felizes nesse momento. Estamos aqui no Campo Base, compartilhando celebrações dessas expedições que a gente acaba de concluir”, revelou.
O campineiro, que desde os 22 anos se dedica ao alpinismo, chegou ao cume do Everest em 2011, 2016 e 2018. O feito desse ano era para ter acontecido em maio de 2023. No entanto, a equipe liderada pelo montanhista da Grade6 chegou a 8.200, mas o frio extremo castigou o grupo e a missão foi abortada por segurança.
Profissional de educação física, Carlos Santalena tem no seu currículo escaladas em locais como Manaslu, Equador, Bolívia, Makalu, os impressionantes 7 cumes (Everest, Aconcágua, Denali, Kilimanjaro, Elbrus, Vinson, Carstensz), entre outros.
“Essa é minha quarta ascensão e o que me motiva a continuar fazendo isso é justamente ver a cara de satisfação dessas pessoas chegando aos cumes. E mais do que isso: ver essas pessoas voltando para casa com muito mais consciência de quem ela são, transformando positivamente todos que estão no entorno delas”.
A GRADE6
Santalena começou como estagiário da Grade6, em 2008, com o objetivo de se tornar guia na empresa sediada em Campinas desde 1994, e realizar o sonho de chegar aos principais cumes do mundo. E viu a operadora crescer e se tornar referência.
É a primeira companhia brasileira a operar no Aconcágua, Everest e Pirâmide Carstensz. E segue sendo a única no segmento em nível nacional a promover expedições rumo ao Everest e Pirâmide Carstensz, localizado na Oceania.
Os números comprovam a relevância da Grade6 em escaladas de alta montanha. Entre os 33 brasileiros que atingiram o ponto mais alto do planeta (8.849m), 17 foram liderados pela empresa. Outros cinco fizeram a preparação em Campinas. Isso significa que cerca de 70% dos alpinistas nacionais que conseguiram realizar a façanha tiveram envolvimento com a companhia.
Recordes nacionais em relação ao Everest também marcam a trajetória da Grade6. Além de Santalena, brasileiro mais jovem a chegar ao “teto do mundo”, aos 24 anos, a empresa detém outras marcas.
Levou para o cume da montanha mais alto do mundo a primeira mulher brasileira: Ayesha Zangaro, em 2018, quando ela tinha 23 anos. O curioso é que, na mesma expedição, seu pai, Renato Zangaro se tornou o brasileiro mais velho a realizar a façanha, então com 60 anos de idade. Atualmente, o recordista é Joel Kriger, que, em 2022, aos 68 anos, estabeleceu a nova marca.
Aretha Duarte, primeira negra latino-americana a chegar ao cume do Everest, é guia da Grade6.