A tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul impacta os moradores do estado de diferentes maneiras. Hospitais foram fechados em razão das enchentes e os que se mantêm abertos enfrentam superlotação, falta de insumos e todas as intercorrências do desabastecimento de água e cortes de energia. Apesar do cenário adverso e das muitas urgências, pacientes com câncer seguem dependendo da continuidade de seus tratamentos para manterem as esperanças de vida.
O Centro de Oncologia Campinas enviou à Sociedade Brasileira de Radioterapia um ofício em que coloca à disposição dos pacientes do Rio Grande do Sul os equipamentos de radioterapia disponíveis na instituição e no Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba. O COC oferece sua infraestrutura e profissionais médicos aos pacientes oncológicos que, em razão dos recentes acontecimentos, foram forçados a interromper tratamentos essenciais à vida.
“Diante da tragédia provocada pelas chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul, gostaríamos de nos colocar à disposição para apoiar os pacientes da região que necessitam dar continuidade ao tratamento com radioterapia”, reforça o oncologista clínico do COC, Fernando Medina. O Centro de Oncologia aguarda a Sociedade Brasileira de Radioterapia dar o encaminhamento necessário para que a oferta de ajuda chegue aos pacientes gaúchos e os detalhes para atendimento da demanda sejam acertados.
Fernando Medina explica que o serviço de radioterapia é bastante específico e complexo. Os aceleradores ficam em bunkers e sob supervisão da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão que atua nas áreas de radioproteção e segurança nas aplicações da energia nuclear para fins pacíficos. As máquinas dependem da precisão para que a radiação fique concentrada apenas no tumor e preserve os tecidos sadios próximos.
“Todos esses tristes acontecimentos no Rio Grande do Sul afetaram também as pessoas que dependem da radioterapia. Há muitas prioridades no estado e nós do COC e do Cecan estamos tentando colaborar com a necessidade das pessoas com câncer”, reforça Medina.
Cerca de 70% dos pacientes diagnosticados com câncer necessitam, em algum momento do curso da doença, do tratamento radioterápico. A radioterapia consiste em usar radiação para destruir as células anormais de um tumor ou impedir que elas se multipliquem. Com o tratamento, o tumor pode reduzir de tamanho ou até mesmo desaparecer. Quando não é possível obter a cura, a radioterapia contribui para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
“Não é só o equipamento de tratamento (acelerador linear) que é importante, mas também toda a tecnologia e recursos que o acompanham. Aqui no COC estamos oferecendo a infraestrutura completa para tentar ajudar os pacientes oncológicos do Rio Grande do Sul da melhor maneira possível”, acrescenta.