O Ministério Público (MP-SP) vai apurar as circunstâncias da morte do menino Gustavo Henrique Cardoso, de 8 anos, encontrado sem vida pela polícia com sinais de espancamento em Vinhedo, nesta segunda-feira (6). A Promotoria da Infância e da Juventude “está adotando as providências cabíveis”, informou o MP.
O pai da criança, Pedro Vitor Joseph do Prado, e a madrasta, Camila Luiz Gomes da Silva, ambos de 26 anos, foram presos na segunda e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça nesta terça (7).
Gustavo não frequentava a escola há dois meses. A Secretaria de Educação de Vinhedo informou que reportou ao Conselho Tutelar sobre a ausência do menino, no dia 22 de março.
Já o Conselho Tutelar afirmou que fez os encaminhamentos conforme previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e que, após uma denúncia anônima de maus-tratos, os conselheiros entraram em contato com o pai e a madrasta.
O conselho informou que pediu um relatório à escola onde Gustavo estudava e que não foi encontrado nenhum indício de maus-tratos ou negligência. No entanto, os pais chegaram a prestar depoimento na sede do conselho e foram encaminhados para atendimento psicológico com foco em saúde mental. O órgão lamentou que não houve tempo suficiente para intervenções mais incisivas.
Familiares acusam omissão do Poder Público no caso, uma vez que parentes denunciaram ao conselho pelo menos oito casos de agressão sofrida pelo menino. O pai de Gustavo tinha a guarda do menor há pouco mais de um ano.
Em nota, o Ministério Público se manifestou: “Não consta dos registros da Promotoria da Infância e da Juventude de Vinhedo qualquer informação anterior a respeito do caso. Diante das informações recebidas, o Ministério Público já está adotando as providências cabíveis, conforme atribuições da Promotoria da Infância e da Juventude, para apuração dos fatos.”
Enterro
O corpo do menino Gustavo Cardoso foi sepultado na manhã desta terça-feira (7) no Cemitério Municipal de Vinhedo. Segundo a avô do menino, o enterro aconteceu em caixão lacrado por conta das marcas que ficaram na criança. Amigos e familiares prestaram as últimas homenagens ao menino, diante de um sentimento de revolta.
Uma das tias da vítima relatou aos jornalistas que o corpo de Gustavo estava “irreconhecível”. Segundo a parente, o rosto da criança ficou deformado e com marcas de facadas. “Eles bateram a cabeça dele na parede, muitas vezes. Ele estava todo mordido”, disse.
Em nota, o Conselho Tutelar de Vinhedo afirma:
“Recebemos denúncias de maneira anônima sobre a criança Gustavo Henrique Cardoso onde o teor da denúncia era que Gustavo sofria maus tratos. A família passou a ser acompanhada por este Órgão onde foram realizados os devidos encaminhamentos. Infelizmente, na data de hoje (6), fomos surpreendidos com essa fatalidade ocorrida contra Gustavo e, esclarecemos que, para que medidas como a perda da guarda fosse realizada, seria necessário que se esgotassem todas as possibilidades junto à família, sendo assim diante de tamanha negligência, daríamos continuidade, comunicando o fato ao Ministério Público. O colegiado lamenta com profundo pesar o ocorrido. Também estamos indignados, com um sentimento imensurável de profundo pesar.”