Fenômeno de bilheteria no mundo inteiro, em cartaz nos cinemas desde meados de dezembro, com uma arrecadação que já superou a marca global de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bilhões), “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” (Spider-Man: No Way Home) reúne de forma inédita e irresistível as três gerações de intérpretes do famoso personagem da Marvel com poderes de aranha.
O grande destaque do badalado filme novo do Homem-Aranha fica para o retorno do ator original, Tobey Maguire, vinte anos depois de aparecer pela primeira vez nas telonas vestindo o tradicional e inconfundível traje vermelho e azul do super-herói que solta teias para salvar a cidade de Nova York do perigo.
“O Tobey Maguire é o meu Homem-Aranha favorito, então vê-lo de volta ao papel foi uma sensação muito legal e uma nostalgia incrível, pois você é transportado para a infância. Adorei os diálogos e as referências a situações que aconteceram nos filmes dele. Também foi gratificante ver o retorno dos vilões da trilogia original, em especial o Duende Verde, do Willem Dafoe, e o Doutor Octopus, do Alfred Molina, que particularmente gosto muito”, descreve o jovem jornalista campineiro João Marcos Carneiro, de 24 anos, dono do canal Cultura Pop & Cia, no YouTube.
Responsável por uma trilogia marcante e inesquecível nos anos 2000, Tobey Maguire é uma das atrações surpresas de “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, ao lado de Andrew Garfield, que também volta ao papel do protagonista, após quase uma década, para fazer companhia a Tom Holland como o trio de Peter Parkers.
“Eu já estava praticamente certo do retorno do Tobey Maguire por causa de vazamentos ocorridos antes do lançamento e cenas divulgadas na internet no dia 14 de dezembro, quando o filme estreou em alguns países, então para mim não foi surpresa”, revela João Marcos. Mesmo assim, os spoilers não abalaram a experiência do jovem fã na sala de cinema.
Criador de conteúdo sobre filmes e séries, João Marcos Carneiro assistiu ao novo filme do Homem-Aranha na pré-estreia de 15 de dezembro e, não satisfeito, retornou aos cinemas no dia seguinte para conferir novamente o seu super-herói predileto em dose tripla.
“Um negócio curioso foi que assisti ao filme legendado na pré-estreia, mas ainda não parecia que eu estava vendo o Tobey Maguire na minha frente, pois sempre o assistia dublado quando criança, então me acostumei assim. Por isso, voltei ao cinema no dia seguinte para assisti-lo com a voz em português e, aí, sim, foi muito gratificante”, comenta Carneiro. O dublador brasileiro de Tobey Maguire é o ator carioca Manolo Rey.
Após quatro semanas de exibição, “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” já é a 8ª maior bilheteria de todos os tempos, com arrecadação total de US$ 1,536 bilhão (R$ 8,715 bilhões), e contando. Nos Estados Unidos, aparece como o 6º filme de maior bilheteria na história, com faturamento até aqui de US$ 668 milhões (R$ 3,7 bilhões), tendo ultrapassado “Titanic” (1997), que arrecadou US$ 659 milhões (R$ 3,6 bilhões) somente nos cinemas norte-americanos.
Com cerca de R$ 260 milhões de faturamento até o momento e mais de 14 milhões de ingressos vendidos no Brasil, “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” é a 3ª maior bilheteria da história do país, atrás apenas de “O Rei Leão” (R$ 265,8 milhões), que deve ser superado, e “Vingadores: Ultimato” (R$ 338,6 milhões), ambos de 2019.
Primeira produção cinematográfica do mundo a ultrapassar a barreira de US$ 1 bilhão desde o início da pandemia de Covid-19, o filme representa a maior bilheteria da história da Sony Pictures, desbancando o anterior “Homem-Aranha: Longe de Casa” (2019), que mantinha o recorde da companhia, com um faturamento de US$ 1,13 bilhão (R$ 6,4 bilhões).
“Não Olhe Para Cima”
Das salas de cinema para o streaming. Do universo dos quadrinhos para a vida real, ou melhor, uma representação caricata dela. Produção original da Netflix mais assistida e comentada desde que estreou na véspera de Natal, somando mais de 300 milhões de horas de visualizações no mundo todo, “Não Olhe Para Cima” (“Don’t Look Up”) é uma sátira do diretor Adam McKay sobre o aquecimento global, mas ganhou uma conotação diferente e atual relacionada à crise da pandemia de Covid-19.
Mais atual impossível, “Não Olhe Para Cima” satiriza a descrença na comunidade científica e provoca inevitável associação com o pensamento negacionista que coloca em descrédito a vacinação contra Covid-19. No Brasil, o filme viralizou e rendeu inúmeras comparações com o comportamento do governo Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
O filme conta a história de um cometa que está prestes a atingir a Terra e destruir a humanidade, mas o combate sensato e certeiro ao iminente apocalipse esbarra no descaso das autoridades (representadas por Meryl Streep como presidente dos Estados Unidos e Jonah Hill como seu filho e assessor), no menosprezo da mídia (caracterizada por Cate Blanchett e Tyler Perry como apresentadores de um programa matinal de entretenimento) e na ganância dos empresários (retratados na figura de Mark Rylance como um bilionário executivo do ramo da tecnologia).
O cenário está desenhado para a catástrofe, apesar do alerta e do esforço em busca de ações conscientes por parte dos cientistas interpretados por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence, que descobriram a existência do cometa e seu impacto inevitável com a Terra.
Astros e melhores amigos
Protagonistas dos dois principais filmes do momento, Leonardo DiCaprio, de 47 anos, e Tobey Maguire, de 46, são muito mais do que atores da mesma geração: eles mantêm uma amizade de longa data que começou ainda na infância, no fim da década de 80, quando ainda nem sonhavam em se tornar astros mundiais. Nascidos e criados na mesma vizinhança em Los Angeles, os dois só se conheceram por volta dos 15 anos, movidos pelo mesmo sonho, esbarrando-se em testes para papéis infantis em filmes e séries norte-americanas.
Durante a juventude, Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire concorreram, por exemplo, ao mesmo papel no filme de terror “Criaturas 3” (1991), que marcou a entrada de DiCaprio no universo cinematográfico, embora tenha sido lançado somente em vídeo. Nesse mesmo período, a dupla chegou a trabalhar junta na sitcom “Parenthood” (1990-91), dividindo as telas pela primeira vez.
Embora competidores entre si quando crianças, Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire criaram um forte vínculo que perdura até hoje, mais de 30 anos depois. Os primeiros sinais de lealdade vieram quando os dois fizeram um pacto de que, se um deles conseguisse o personagem principal em “O Despertar de um Homem” (1993), pediria a participação do outro em um papel menor no filme. Dito e feito. DiCaprio foi escolhido e cumpriu a promessa, arranjando junto à direção um espaço para Maguire no elenco.
Em 1993, Leonardo DiCaprio venceu a concorrência de mais de 400 atores mirins, entre eles Tobey Maguire, e foi escalado para viver o protagonista Tobias Wolff em “O Despertar de um Homem”, seu primeiro trabalho de grande destaque nos cinemas. O elenco do filme contava com nomes de peso como Robert De Niro, que teve influência decisiva na escolha do então adolescente de 18 anos para viver um garoto que sofre abuso físico e emocional por parte do padrasto.
Desde muito jovem, Leonardo DiCaprio já demonstrava extrema capacidade e versatilidade para interpretar diferentes tipos de papéis. Muito além da fama de galã romântico que o consagrou em “Titanic” (1997), fórmula repetida de “Romeu + Julieta” (1996), DiCaprio também já havia interpretado, entre outros personagens, um garoto autista em “Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador” (1993), numa atuação magistral que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar (como ator coadjuvante).
Em 2016, na quinta de suas seis indicações, Leonardo DiCaprio enfim faturou o Oscar de melhor ator pela atuação em “O Regresso” (2015), do diretor mexicano Alejandro Iñárritu.
Embora não tenha chegado aos pés do furor em torno de Leonardo DiCaprio após o mega sucesso de “Titanic”, primeiro filme da história a arrecadar mais de um bilhão de dólares mundialmente, em 1997, a fama mundial veio alguns anos mais tarde para Tobey Maguire, que eternizou o seu nome na história do cinema ao estrelar o filme “Homem-Aranha”, de 2002, com direito a duas continuações, em 2004 e 2007, sob a direção de Sam Raimi. Os três filmes integram a lista de 100 maiores bilheterias de todos os tempos, com arrecadação somada de aproximadamente US$ 2,5 bilhões (R$ 14 bilhões).
Nos anos 1990, Leonardo DiCaprio era o favorito do diretor James Cameron, o mesmo de “Titanic”, para viver o Homem-Aranha em um filme inédito cujo roteiro já estava pronto, mas não saiu do papel. O personagem estava fadado para Tobey Maguire.
Em 2013, a arte imitou a vida em “O Grande Gatsby”, uma adaptação do famoso romance do escritor F. Scott Fitzgerald, dirigida pelo australiano Baz Luhrmann, onde Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire interpretaram os dois protagonistas do filme. DiCaprio deu vida à Jay Gatsby, um bilionário conhecido pelas festas animadas em sua mansão em Long Island, enquanto Maguire se passou por Nick Carroway, um jovem comerciante recém-chegado da Primeira Guerra Mundial que se muda para Nova York. Na trama, que se passa nos anos 20, os dois viram vizinhos e se tornam amigos. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.