A mulher suspeita de ter praticado ato racista contra a vereadora Paolla Miguel (PT) durante sessão da Câmara prestou depoimento nesta quarta-feira (17) ao delegado José Glauco Ferreira, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas, e negou que tivesse praticado a injúria racial.
Segundo a versão da mulher – que foi intimada a depor depois de o vereador Jorge Schneider (PL) ter dito à polícia que a reconhecia como sendo a autora da ofensa – houve um mal entendido.
Ela disse ao delegado que gritou “Petta Lixo” – uma referência ao vereador Gustavo Petta (PCdoB) – que seria um adversário político dela.
Ela garantiu não ter dito “preta lixo”, como foi acusada.
Paolla Miguel discursava na tribuna na sessão do dia 8 de novembro sobre um projeto de promoção da comunidade negra e foi chamada de “preta lixo” por um dos manifestantes que estavam nas galerias para pedir a provação de um projeto que extingue o passaporte da vacina. Entre outras coisas, o grupo dizia em coro: “Vacina Mata”.
Segundo a acusação, a ofensa pode ser ouvida nos áudios captados pela gravação da TV Câmara – a emissora oficial da Casa e que transmitia a sessão ao vivo.
O delegado disse que a mulher foi indiciada por injuria racial- crime previsto no Código Penal e cuja pena varia de 1 a 3 anos de reclusão. Ele disse que já ouviu todas as partes e testemunhas e que agora vai encaminhar o processo para a Justiça, que vai decidir o caso.
A ofensa provocou reações.
No dia seguinte ao episódio, Paolla Miguel foi até o 1º Distrito Policial e registrou um boletim de ocorrência. Dois dias depois do ataque, pouco antes da sessão da quarta-feira, dia 10 de novembro, centenas de pessoas estiveram em um protesto em frente à Câmara.
Representações civis, entidades sociais e partidos políticos levaram solidariedade à vereadora. Neste mesmo dia, a Câmara aprovou o requerimento do vereador Pemínio Monteiro (PSB) para a criação de uma Frente Parlamentar Antirracismo.