“Se o problema possui solução, não devemos nos preocupar com ele, e se não possui solução, de nada adianta nos preocuparmos”, célebre frase do filósofo Epicteto. É a partir dela que iremos começar a refletir nesta coluna. O tema é: problema! Quem nunca se desgastou se preocupando com problemas que atire a primeira pedra. Pois bem, por favor, me acompanhe nessa jornada reflexiva?
Quando a fatura da vida chegar em suas mãos, penso que haverá um espaço destinado ao item “problema”. Acerca dele você poderá ter diversas reações, olhando para trás, para sua trajetória humana. Quantos foram os problemas que você teve de enfrentar? Creio que sejam tantos que seria impossível enumerá-los. Estou certo?
Quantos desses problemas você contou com a ajuda de alguém?
Foram de fatos os intitulados seus amigos (título que você mesmo dera à eles)? Geralmente lembramos daquilo que tive grande impacto emocional em nossas mentes, tanto bom como ruim. E aqui podem sim serem enquadrados problemas, tais como se fossem de maior ou menor importância. Você concordaria que há problemas que foram tão simples de se resolverem que você nem sequer se lembra deles passados alguns dias?
Porém há problemas que ficam na linha de frente da sua memória, aqueles que sempre que possível e onde há oportunidades coerentes com o tema você os conta, com riqueza de detalhes… Estes sem dúvidas ficam tais como cicatrizes em nossa memória existencial.
O grande ponto aqui é, fazendo referência à frase do início do capítulo: por que nos preocuparmos com o problema?
Antes de mais nada, o tal problema é uma questão de perspectiva, há quem o enxergue como algo natural, como algo de cunho divino, mero acaso, ou destino; inclusive o enxerga como oportunidade de crescimento e aprendizagem para fins pessoais e profissionais.
No tocante à isso há uma área na filosofia chamada de hermenêutica, que faz referência à Hermes, um sujeito que servia de mensageiro, tinha o papel de levar mensagens de A para B e vice versa. E foi justamente aí que criou-se o conceito de interpretação, correndo o risco de ser tal como um telefone sem fio. Hermenêutica, virtude de interpretar a vida, os problemas.
Ainda sobre os fatos em si, compete a cada um de nós ações e reações.
Ao julgarmos que o fato, de fato, seja um problema, que nos aflija, que aflija nossa família ou toda a sociedade, caberia então ao indivíduo se posicionar, agindo para minimizar os impactos, até mesmo tentando solucionar o tal problema, ou caberia ao indivíduo reagir depois dos impactos do tal problema.
Guarde essa provocação: como está sendo sua ação e reação mediante os fatos que você julga os problemas? E dando um passo atrás, quais os critérios que você utiliza para julgar que o fato em si seja, de fato, um problema? Ganhos e perdas? Enfim…
Quando a fatura da vida chegar, estiver com ela em mãos imagine que ela irá lhe causar algum sentimento, talvez de satisfação e orgulho, talvez de arrependimento e tristeza, por vezes em que se sentiu potente ou impotente, e lembrando a frase de Epcteto, pelas vezes em que percebeu que só perdera seu tempo, só houve desgaste físico e emocional e de que sua ação ou omissão de nada mudariam o destino final do fato.
A vida é curta, talvez não mereça ser gasta com preocupações, a própria palavra em si já diz muito, se preocupar, é se ocupar antes; é alimentar e desenvolver ansiedade, é não viver o presente com qualidade, é alimentar o problema.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)