Vivendo uma das piores largadas de sua história na Série B, a Ponte Preta terá pela frente um verdadeiro teste de fogo na noite desta próxima segunda-feira (12), quando enfrenta o Náutico, líder invicto da competição, no estádio dos Aflitos, em Recife.
A história do confronto entre Macaca e Timbu remete ao início dos anos 80, quando as duas equipes disputavam o Campeonato Brasileiro. No entanto, a maior parte dos duelos aconteceu pela Série B. Ao todo, foram 23 embates oficiais, sendo 14 deles pela Segunda Divisão. Desse total, dois jogos em especial marcaram a carreira do ex-meia pontepretano Adrianinho, que completa 41 anos amanhã (11), às vésperas de mais um encontro entre Ponte e Náutico pela Série B.
Em 1997, Adrianinho era apenas uma jovem promessa da base alvinegra quando participou da campanha do acesso à Série A, conquistado após confronto direto contra o Náutico na rodada final.
Já em 2014, figurando como o segundo atleta mais experiente do elenco, ele perdeu a chance de marcar o gol da vitória sobre o Timbu, também no jogo derradeiro, que daria o título da Série B para a Ponte Preta.
Trajetória de Adrianinho
Revelado nas categorias de base da Ponte Preta, Adrianinho é o 16º atleta que mais vestiu a camisa do clube, com 258 partidas e 36 gols, de 1997 a 2003 e 2013 a 2015. Ao todo, ele defendeu a Macaca durante 14 anos, somando as categorias de base.
“Fui criado dentro do clube, onde comecei a jogar com 12 anos. Quando estava para completar 13, meu pai faleceu e, aos 14, passei a morar dentro do Moisés Lucarelli. Cresci naquele ambiente, com as pessoas que trabalhavam lá, estudando em uma escola próxima ao estádio. Adquiri um carinho muito especial pelo clube. São lembranças muito fortes que tenho da minha infância e juventude. Toda vez que passo em frente ao Majestoso é como se estivesse passando em frente à casa onde morava em Jundiaí, cidade em que nasci”, revela o jogador, que disputou quatro edições da Copa São Paulo de Futebol Júnior, no fim dos anos 90.
O início de carreira na Ponte Preta ocorreu em um momento de vacas magras do clube.
“O time estava na segunda divisão do Brasileiro e do Paulista, passando por grandes dificuldades e problemas financeiros. Mesmo assim, meus ídolos eram os jogadores da Ponte”, relembra Adrianinho, cuja estreia na equipe profissional aconteceu na Série B de 1997, quando a equipe alvinegra conquistou o acesso após 11 anos longe da elite nacional.
Na última rodada do quadrangular final, a Ponte Preta recebeu o Náutico no Moisés Lucarelli, precisando apenas de um ponto para garantir o retorno. Caso fosse derrotada dentro de seus domínios, a vaga na elite ficaria com o Timbu. A disputa também envolvia o América-MG, que estava na ponta, mas apenas duas equipes seriam promovidas.
Diante de mais de 20 mil pessoas, Claudinho abriu o placar para a Ponte aos 11′ do segundo tempo, mas dois minutos depois Chapecó deixou tudo igual para o Náutico. Apesar da pressão dos visitantes, os jogadores da Macaca seguraram o resultado e festejaram ao lado da torcida. Integrante daquele grupo, Adrianinho não chegou a entrar em campo naquela partida decisiva, disputada no dia 7 de dezembro de 1997. “Eu era muito jovem, tinha acabado de fazer 17 anos, mas tive a oportunidade de participar de outros jogos dessa campanha, embora tenham sido poucos”, ele conta.
Decorridos 17 anos, vivendo a sua segunda passagem pela Ponte Preta, Adrianinho foi coroado com mais um acesso à Série A, dessa vez com participação efetiva: 28 jogos e três gols. Após conquistar a vaga com quatro rodadas de antecedência, a Macaca chegou à última rodada apenas dois pontos atrás do líder Joinville, ainda brigando pelo inédito título.
Beneficiada pela derrota da equipe catarinense para o Oeste, em jogo simultâneo realizado no dia 29 de novembro de 2014, a Ponte precisava apenas de uma vitória sobre o Náutico, na Arena Pernambuco, para soltar o grito de campeão entalado na garganta. Faltando um minuto para o apito final, o jogo estava empatado por 1 a 1 quando a bola caiu nos pés de Adrianinho, aos 48′ do segundo tempo. A poucos metros do gol, ele tentou limpar a marcação, mas se atrapalhou e não conseguiu concluir a gol, desperdiçando a chance de se tornar o herói do primeiro troféu nacional do clube. O lance atormenta a torcida pontepretana até hoje.
Curiosamente, há 10 anos, a Ponte Preta também subiu para a Série A com um campanha que terminou com empate com o Náutico.
Na ocasião, em jogo disputado no dia 26 de novembro de 2011, Macaca e Timbu já haviam assegurado o acesso com antecipação e, sem mais nenhuma pretensão, protagonizaram um animado 2 a 2, nos Aflitos.
Gols inesquecíveis
Dentre os momentos marcantes da trajetória de Adrianinho na Ponte Preta, destacam-se o primeiro gol como profissional, marcado contra o São Paulo no segundo jogo das quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1999, além do tento que selou a permanência da Ponte na Série A, em 2003, na vitória por 2 a 0 contra o Fortaleza, em confronto direto contra o descenso, na última rodada. Naquele ano, a Macaca era comandada pelo técnico Abel Braga e protagonizou uma campanha heroica de permanência na elite nacional, superando inúmeras adversidades internas.
Em 2013, Adrianinho escreveu o seu nome na incrível campanha da Ponte Preta na Copa Sul-Americana. Naquela oportunidade, participando pela primeira vez de um torneio internacional em seus mais de 100 anos de história, a Macaca fez história sob o comando do técnico Jorginho, mesmo sendo derrotada pelo Lanús na grande decisão. O vice-campeonato continental marcou a carreira de cada um dos 30 jogadores que entraram em campo pela equipe na competição, mas teve um significado ainda mais especial para Adrianinho por conta de seu passado ligado ao clube. Uma história que praticamente começou e terminou contra o Náutico.
“Sou muito grato à Ponte Preta, pois foi o primeiro clube que joguei, onde estreei como profissional e que ajudou na minha formação como atleta e pessoa”, declara-se Adrianinho.