Desde que a pandemia do novo coronavírus despontou em terras brasileiras, em fevereiro de 2020, muitas áreas da indústria sentiram o forte impacto com queda nas produções e vendas, como é o caso do setor automotivo. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 2012 foi o ano – da última década – com maior número de vendas, mais precisamente, 3.802.000 unidades emplacadas, contabilizando automóveis, ônibus, caminhões e comerciais leves.
Em 2020, esse número caiu 46%, com 2.058.000 veículos emplacados. Os números refletem a realidade das montadoras, que enfrentarão um grande desafio na busca por reestruturação e retomada dos negócios. Em tempos de crise, é necessário pensar em gestão de custos de maneira eficiente e apertar os cintos. Isso pode significar redução de funcionários, renegociação de dívidas, entre outras medidas.
Além das consequências da pandemia, o setor sofre, também, porque ainda não havia se recuperado completamente da crise político-econômica de 2014. Uma das principais problemáticas atuais, no entanto, é a escassez de componentes, como aço e semicondutores, por exemplo, representando um desequilíbrio global.
A desvalorização cambial também encarece os veículos, o que contribui para a queda nas vendas, principalmente em um contexto de instabilidade na geração de empregos e renda. Na toada desses impasses, a Anfavea informou, ainda, que 29 fábricas foram paralisadas em 2021.
Mesmo em meio à crise sem precedentes, a venda de carros usados apresentou crescimento, andando na contramão do ritmo do setor. A Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave) mostrou que, no primeiro trimestre de 2021, 3,5 milhões de unidades foram vendidas, 14,89% a mais que no mesmo período de 2020, com 3,1 milhões. Ainda sobre números positivos durante a pandemia, é possível afirmar que o agronegócio e a tecnologia foram protagonistas do assunto. No agro, a expansão atingiu todos os pontos, como produção nas fazendas, indústria e insumos.
Já na área tecnológica, a necessidade de migração para o digital alavancou os índices de produção e vendas. Os dois setores, inclusive, ajudaram a prevenir a queda brusca nas transações e vendas de caminhões e comerciais leves, já que ambos foram utilizados para serviços relacionados às áreas, culminando na renovação de frotas.
O conselho para sobreviver à crise é acompanhar a saúde da empresa de perto e pensar em alternativas e inovações para o futuro.
Douglas Duek é CEO Quist Investimentos