Ao liderar a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), o Brasil transforma-se na central da diplomacia global, a fim de nortear o futuro do planeta nas áreas sanitária, econômica, social, política, ambiental e geopolítica. Precedendo a conferência climática, o maior país do Hemisfério Sul e detentor de 60% da área da maior floresta tropical do mundo, presidiu a Cúpula de Líderes do G20, e organiza o encontro anual do BRICS, agendas essenciais no suporte à atuação universal frente as extremidades climáticas, a consolidação da bioeconomia e a conservação da biodiversidade na Amazônia.
Ao conduzir a série de cúpulas internacionais, o Brasil sustenta a bandeira do multilateralismo, base de sua diplomacia. Na prática, o país frisa a mensagem de que tal sistema conduz os processos globais na busca pela paz, estabilidade social e desenvolvimento econômico sustentável, no que pode ser incluída a região amazônica, vital para a humanidade. Em novembro, ao longo da COP30, pela primeira vez sediada na Amazônia, em Belém do Pará, o Brasil vai recepcionar o mundo, o que torna a questão climática e o desenvolvimento sustentável temas geopolíticos.
Detentora de ampla biodiversidade e agente natural no combate ao aquecimento global, a maior floresta tropical do mundo impulsiona os Estados participantes, levando-os ao protagonismo quanto ao estabelecimento de acordos críveis, visto que a emergência climática atua como um fator preponderante nas questões demográfica, ecológica, geopolítica e socioeconômica. Neste sentido, os mecanismos de financiamento e o amparo do conhecimento científico tornam-se essenciais para fundamentar as políticas públicas universais.
É bem verdade que alguns Estados têm buscado enfraquecer a diplomacia ambiental. Porém, num contraponto, cabe ao Brasil implementar costuras persuasivas, a fim de fortalecer o diálogo e estimular frentes de atuação conjunta entre os entes. Na e pela COP30, o Brasil tem de agigantar o debate, visando a implementação de políticas de preservação ambiental, o financiamento adequado ao desenvolvimento sustentável e o combate à degradação dos ecossistemas e o fortalecimento da bioeconomia. Nesta perspectiva, o país tem a experiência angariada na Eco-92 e na Rio+10, além da ambição em demonstrar os próprios esforços nos setores de energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono.
Efetivamente, a diplomacia brasileira tem vasta tarefa, e precisa pavimentar a cooperação internacional nas próximas décadas, oportunidade essencial para a bioeconomia da Amazônia. A capacidade da região em trabalhar suas cadeias de valor, naturais e nativas, patenteadas pelo zelo da comunidade local, evidencia que o país tem robustez para liderar um debate comprometido com a preservação do meio ambiente alicerçado na sustentabilidade.
De modo prático, é saber ouvir e compreender a realidade local e/ou regional objetivando discutir a implementação de tratados propícios aos Estados, lastreados na segurança internacional, no fortalecimento da democracia e na preservação ambiental.
Nestes últimos dois anos, o Brasil pautou a bioeconomia no G20 e COP 30. Daí, a importância de atuar, com precisão cirúrgica, em prol de acordos e tratados efetivos no combate aos extremos climáticos, solidificar a governança ambiental e, ao mesmo tempo, salvaguardar a bioeconomia na Amazônia. Mais que isso, a bioeconomia e a COP 30 são, juntas, a oportunidade para a região amazônica, do local para o global!
Jambres Marcos de Souza Alves é jornalista formado na PUC-Campinas com pós-graduação em Geopolítica e Relações Internacionais pela Universidade Paulista/CENEGRI (Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais).