Centenas de pessoas se reuniram em frente à Câmara Municipal de Campinas no final da tarde desta quarta-feira (10) para protestar contra os ataques racistas sofrido pela vereadora Paolla Miguel (PT), durante a sessão da última segunda-feira (8). Quando estava na tribuna defendendo um projeto de política pública voltada à comunidade negra, a vereadora foi chamada “preta lixo” ao menos em duas oportunidades, por manifestantes de direita que estavam nas galerias da Câmara para defender um projeto contra a exigência do passaporte de vacina em eventos abertos.
O presidente da Câmara, vereador José Carlos Silva (PSB), requisitou imagens e material de áudio da manifestação no plenário e abriu investigação interna para apurar responsabilidades. No dia seguinte, Paolla Miguel foi até o 1º Distrito Policial e registrou um boletim de ocorrência. Junto com ela, foram à polícia, os colegas de partido, vereadores Guida Calixto e Cecílio Santos, além dos vereadores Gustavo Petta (PCdoB) e Marina Conti (Psol).
Com um carro de som, muitas faixas e cartazes contra a intolerância e o preconceito, o protesto desta quarta-feira reuniu representantes de diversos movimentos sociais, além de entidades e partidos políticos de esquerda. Todos foram demonstrar apoio à vereadora.
“Quero dizer que estou muito emocionada. É muito difícil subir à tribuna e receber ataques por causa da cor de sua pele”, disse Paolla Miguel ao microfone.
“Por isso, esse apoio de vocês é muito importante, para que eu consiga levantar a cabeça e continuar tendo força”. acrescentou. No discurso, a vereadora também lembrou de Marielle Franco – a vereadora do Rio de Janeiro que foi assassinada em março de 2018 e fez um alerta. “Essa luta (contra o racismo) está longe do fim”, afirmou.
Ela disse que registrou Boletim de Ocorrência porque quer que os responsáveis sejam identificados e que paguem pelo crime. “Elas têm de entender que racismo é crime. E é crime imprescritível”, reforçou.