Manifestações do grupo a favor do presidente da República, Jair Bolsonaro neste 7 de setembro em Campinas, foram marcadas pelo registro de pautas antidemocráticas. No ato realizado no Largo do Rosário, uma pessoa portava cartazes com símbolo nazista e defendia a “liberdade de expressão”. Outras, empunhavam faixas e cartazes em que pediam destituição de ministros do STF, intervenção militar imediata e a criminalização do comunismo.
As manifestações ocorreram em dois pontos do Centro da cidade. O grupo pró-Bolsonaro se reuniu no Largo do Rosário. A cinco quadras dali, no Largo do Pará, se concentraram os grupos de esquerda, que pediam a saída do presidente. Os atos começaram por volta das 9h e terminaram cerca de quatro horas depois.
As forças de segurança não fizeram estimativa de público, mas os organizadores dos eventos avaliam que, juntos, reuniram perto de 13 mil pessoas.
De acordo com a Guarda Municipal, não houve incidentes graves. No meio da manhã, foi registrada uma confusão em que um homem defensor de Bolsonaro que é morador de um prédio localizado em frente ao Largo do Pará – entrou em confronto com representantes dos grupos de esquerda. Houve xingamentos, empurrões, mas a confusão foi logo controlada pela polícia.
Uma mulher carregando cartaz com símbolo nazista participou das manifestações de 7 de Setembro entre o grupo que apoia o presidente Bolsonaro. A pessoa carregava o cartaz com o símbolo nazista em que, ao centro, estava escrito “Liberdade de Expressão”. O cartaz atacava o que chamou de “Ditadura da Toga” e “Ditadura Digital – o que, na sua avaliação, seria igual a “Censura”.
A atitude da manifestante configura crime, de acordo com a Lei nº 7.716 de 05 de Janeiro de 1989. A lei define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e diz o seguinte em seu artigo 20, parágrafo 1º : “Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. A mulher não foi abordada por nenhuma autoridade de segurança enquanto mostrava o cartaz.
“Símbolo Nazista? Isso é coisa de oposição infiltrado”
“Símbolo Nazista?. Isso é coisa de oposição infiltrado”, disse Raphael Leite, um dos líderes do Movimento Avante Brasil – Pró-Bolsonaro.
“O nazismo é uma ideologia que defende uma raça e não uma pátria. Dentro de Patriotismo está implícito respeito acima de tudo”, afirmou ele.
Leite diz que a adesão ao ato em favor do presidente foi acima do esperado. “Nossa expectativa era reunir cerca de 5 mil pessoas e tivemos o dobro disso”, disse ele. “Foi muito mais do que esperávamos”, concluiu.
Grito dos Excluídos
Os grupos de esquerda – do denominado Grito dos Excluídos – juntaram num movimento único representantes de 62 entidades – entre movimentos sociais, entidades ligadas à Igreja, sindicatos, centrais sindicais e partidos políticos. A liderança também fez uma avaliação positiva.
“A manifestação superou as expectativas apesar de todo terror bolsonarista nas redes sociais na noite de ontem (6), numa tentativa de insuflar os atos de violência e amedrontar a oposição”, disse o presidente do PT Carlos Orfei e um dos organizadores do ato pela frente de esquerda.
“A manifestação foi pacífica e muito representativa, e aconteceu em várias cidades da região,” afirmou ele. Orfei estima que o ato em Campinas contou com três mil pessoas. Ele disse que a ideia inicial era juntar as pessoas em Campinas pela manhã e engrossar a manifestação prevista para a Anhangabaú, em São Paulo, no período da tarde.
Fora do Centro
Além do Largo do Rosário, uma manifestação paralela ocorreu em Campinas em favor do presidente Bolsonaro. Manifestantes pró-governo se reuniram em frente à Escola Preparatória de Cadetes do Exército, no Jardim Chapadão. A movimentação começou logo antes das 9h.
Com faixas, cartazes, bandeiras do Brasil e buzinaço, um grupo de cerca de mil pessoas permaneceu em frente aos portões da EsPCEx. Por volta das 11h30, uma motociata reforçou o ato, que foi encerrado antes das 14h, sem incidentes.