O Centro Universitário Max Planck (UniMAX) lançou um aplicativo com a função de acompanhar e oferecer apoio a moradores de Indaiatuba que apresentem sintomas de depressão, ansiedade e insônia. O chamado CONEMO (CONtrole EMOcional) foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM). A iniciativa do projeto tem ainda a participação da Secretaria Municipal de Saúde e outras universidades federais.
O aplicativo de controle emocional por terapia não-guiada está disponível, por enquanto, para moradores das regiões atendidas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Parque Campo Bonito e do Jardim João Pioli, em Indaiatuba.
Para a diretora geral da UniMAX, professora Luciana Mori, o lançamento de mais uma ferramenta, que aconteceu no final de agosto, demonstra a preocupação do centro universitário com o bem-estar da população. “Cuidar da saúde física e mental das pessoas, especialmente dos moradores de Indaiatuba, é uma das premissas da UniMAX. Prova disso é que diariamente buscamos novas parcerias que possam oferecer soluções efetivas e tecnológicas para que as pessoas possam usufruir da qualidade de vida que Indaiatuba oferece”, salienta.
Os interessados em contar com o app no celular devem comparecer nas duas unidades de saúde para scanear o QRCode do CONEMO. Na sequência, o paciente preencherá um formulário on-line e um questionário para ver se atende as exigências para utilização. Em caso positivo, o aplicativo será liberado para ser baixado e utilizado.
O CONEMO também poderá ser indicado pelos profissionais de saúde dessas duas UBSs, desde que o paciente seja maior de idade; tenha sintomas significativos de ansiedade, insônia ou depressão (identificados em questionários); não tenha risco de suicídio moderadamente alto ou alto (constatado em questionários); e esteja apto a ler as instruções do aplicativo por meio de um smartphone ou tablet.
Além de melhorar o acesso ao tratamento, as terapias não-guiadas podem reduzir a sobrecarga nas unidades básicas de saúde. “Os transtornos mentais comuns, como a depressão, ansiedade e a insônia, provocam grande impacto na saúde, economia e qualidade de vida das pessoas e das comunidades”, ressalta a doutora Heloísa Garcia Claro, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e co-pesquisadora responsável pelo CONEMO. “É impossível pensar em somente uma forma de cuidar quando falamos nestas questões.”
Como funciona o aplicativo
O aplicativo CONEMO baseia-se na ativação comportamental para pessoas acometidas por ansiedade, depressão e insônia a fim de auxiliá-las a diminuir esses sintomas. A ferramenta entrega uma intervenção de psicoterapia cognitivo-comportamental, com jornadas de sessões e vídeos voltados ao tratamento de cada um desses sintomas e sugere atividades, dicas e estratégias que visam melhorar a saúde dos usuários.
O CONEMO faz parte de um projeto conduzido por psicólogos, médicos, enfermeiros e pesquisadores com experiência em estudos semelhantes. A equipe abordará o contexto de saúde e sociodemográfico dos pacientes e fará análises estatísticas, a partir de questionários, para avaliar a eficácia do tratamento, com foco na redução dos sintomas.
Além disso, o grupo irá coletar dados qualitativos, por meio de entrevistas, para compreender as barreiras e os facilitadores da intervenção. Depois de três meses, os usuários do app responderão novamente os questionários para que os pesquisadores analisem e identifiquem quais foram suas evoluções depois do uso do aplicativo.
Equipes de saúde e psicólogos da própria rede de saúde também estão sendo treinados na utilização do aplicativo para incorporar o uso em sua prática de rotina.
“A tecnologia alcança a muitos e nos ajuda a atingir de 70 a 80% das pessoas que estão nas comunidades em sofrimento e não chegam aos serviços de saúde para cuidar dessas questões de saúde mental”, afirma a co-pesquisadora responsável pelo app.