Os principais executivos das empresas de Serviços Financeiros do Brasil estão mais otimistas em relação ao aquecimento da economia global que a média registrada no Brasil e no mundo. É o que aponta a 25ª edição da Pesquisa Anual Global com CEOs, elaborada pela PwC. O levantamento ouviu, no final do ano passado, mais de 4.400 executivos, em 89 países, com uma participação expressiva de líderes do Brasil. Os dados foram compilados agora e divulgados em coletiva on-line na tarde dessa quarta-feira (26). A PwC é uma das mais prestigiadas e conceituadas firmas de consultoria e auditoria do mundo. Ela está presente em 156 países, incluindo o Brasil.
A pesquisa aponta que 81% dos CEOs acreditam no crescimento da economia em 2022, enquanto 19% preveem uma desaceleração em nível global. No Brasil e no mundo, a média de confiança no crescimento econômico é de 77%. Em relação ao PIB, 52% dos líderes das empresas de serviços financeiros apostam em um crescimento no Brasil, o percentual é um pouco menor que a média nacional (55%).
A expectativa também é alta em relação ao crescimento de receita das suas empresas nos próximos 12 meses, 61% dos líderes dizem estar otimistas. Este volume é superior à média global, em que o aumento de receita é esperado por 56% dos entrevistados.
Para Lindomar Schmoller, sócio da PwC Brasil e líder de Serviços Financeiros, é possível projetar que a análise dos executivos que têm operações no Interior do Brasil seja mais otimista que os dos seus colegas que atuam em nível nacional. Ele usou como exemplo a força dos bancos cooperativos, que têm mostrado pujança e se consolidado como alternativa atrativa no mercado financeiro.
“É um setor que vem ganhando relevância no cenário nacional. Não me surpreenderia se atingisse em breve uma fatia de 10% do mercado”, avaliou, ao responder pergunta do Hora Campinas na coletiva on-line. “É possivel haver mais otimismo entre eles, considerando a força do agronegócio e o momento do câmbio”, apontou, referindo-se aos atrativos do dólar alto para as exportações das commodities do agro.
Schmoller lembra que o agronegócio tem sua vocação principal no Interior, o que pode reforçar essa visão mais otimista.
“A grande expectativa dos CEOs do setor de serviços financeiros nos próximos anos é reflexo direto dos investimentos e inovações que precisaram ser feitos na indústria nesses últimos dois anos. A entrada de novos produtos e serviços financeiros para o consumidor vai gerar, consequentemente, mais receita e mais negócios para as empresas”, avalia o sócio da PwC.
Instabilidade econômica preocupa
Uma das avaliações da pesquisa da CEO Survey é sobre os maiores riscos que os executivos observam para os seus negócios. Para 84% dos CEOs brasileiros de serviços financeiros, a instabilidade macroeconômica é a grande preocupação em 2022, seguido de riscos cibernéticos (61%) e desigualdade social (52%). Os riscos à saúde (42%), as mudanças climáticas (29%) e os conflitos geopolíticos (19%).
23% dos participantes do setor declararam possuir compromissos Net Zero, enquanto a média do Brasil é de 27%. Outros 35% dos executivos informaram que os compromissos estão em desenvolvimento, enquanto a média Brasil é de 29%, mostrando que há um movimento dentro do setor de serviços financeiros em relação à redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE).
35% dos líderes disseram que ainda não assumiram compromissos sobre este tema.
Já sobre carbono neutro, o setor ainda está um pouco atrás da média nacional. Apenas 16% dos líderes declararam ter compromissos assumidos, enquanto a média no Brasil é de 31% de acordo com a pesquisa. 45% dos executivos disseram que estes compromissos estão em elaboração, enquanto a média Brasil é de 28%.
Mais preparados
Lindomar Schmoller pontua que os executivos que responderam a entrevista passaram, como todos, dois anos extremamente difíceis por conta da pandemia da Covid-19, com impacto severo na economia, nos negócios e nos planos de suas empresas. Neste sentido, no entendimento do sócio da PwC, o sentimento de confiança captado pela pesquisa pode ser reflexo da própria capacidade (maior) que esses CEOs desenvolveram de suportar a tempestade e buscar saídas.
“Os CEOs se sentem mais preparados e estão mais resilientes. É razoável afirmar que as organizações estão mais resilientes também”, observa.
O sócio da PwC Brasil finaliza apontando que esse otimismo é derivado da própria força interna desses executivos e organizações. “A despeito de inflação e de incertezas, o comandante tem mais experiências para tocar os seus negócios”, encerra.