M com carinha de P? Ou até 42 com forma de 38? Quem nunca entrou num provador e a peça acabou nem passando da coxa pela desproporção do tamanho? Para piorar, muitas lojas diferentes oferecem esses tamanhos fora dos padrões com frequência.
Pensando em ajudar o público feminino e evitar essas diferenças entre as medidas nas modelagens que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) formulou uma nova regra de tamanhos e formas de roupas focado também para centímetros e não somente números e letras como vimos.
A nova norma da ABNT para a indústria de vestuário foi divulgado depois de anos de estudos e levou em conta, principalmente, o padrão de corpo das brasileiras, sendo que 80% delas tem corpo tipo retângulo, com as medidas de busto, cintura e quadril muito parecidas, ou tipo colher, com medidas de busto e cintura parecidos e quadril mais largo.
Para a consultora de moda e imagem, Jana Romanini, as novas regras, apesar de não serem obrigatórias, devem regular grande parte do mercado. “O grande desafio das confecções é atender um país continental, com miscigenação ampla e diferentes biotipos. Adotar essas normas com as medidas do corpo das brasileiras como referência vai resolver um problema também das lojas, que sempre tiveram essa dificuldade de atender a demanda de forma mais assertiva. A maior parte das grandes marcas deve aderir à nova padronização e quem não aderir deve perder mercado ao longo do tempo”, alerta a consultora.
Outra forte demanda que foi abordada no estudo são os modelos considerados plus size, que ganharam espaço dentro dos novos padrões de beleza, mas ainda não receberam a devida atenção do mercado.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), mostram que cerca de 60% da população brasileira está acima do peso, porém apenas 18% das lojas oferecem opções para esse público. De acordo com dados da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) esse público cresce 6% por ano movimentando cerca de R$ 5 bilhões, com média de crescimento estimado de 10% ao ano.
“Parte das marcas atendem apenas até o tamanho 42, isso exclui boa parte da população brasileira. Além de deixar esse público de fora, estão perdendo dinheiro. A nova norma chega para promover uma inclusão real nas lojas de roupas e não apenas no discurso”, afirma Jana Romanini.
ABNT
Mais conhecida pelas regras de formatação para textos acadêmicos (NBR 14724), como monografias, teses e dissertações, a ABNT atua em diversas frentes para o desenvolvimento tecnológico do Brasil, auxiliando a formação de políticas públicas e programas voltados para o meio ambiente, por exemplo.
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]