Estreia no dia 22 de agosto, em formato virtual, o espetáculo de dança UMAEMTODAS, do Coletivo Luzeiras. O grupo, formado por Iara Medeiros, Letícia Michelani e Rúbia Galera em Campinas, promoverá ainda dois bate-papos: o primeiro com as representantes do método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete) de dança Larissa Turtelli, Paula Teixeira e Mariana Jorge; e o segundo com Griota Nilvanda Sena, das Promotoras Legais Populares, que realizam trabalhos de combate à violência contra a mulher no interior de São Paulo.
O espetáculo em vídeo ficará disponível gratuitamente no YouTube do Portal MUD até o dia 3 de setembro, em http://youtube.com/museudadanca. Para os interessados em participar das rodas de conversa, o acesso também gratuito está disponível http://sympla.com.br/portalmud.
UMAEMTODAS recupera da terra corpos e memórias de mulheres, bichos, elementos e sentidos ancestrais, por meio de movimentos que ecoam profundamente nas pesquisadoras-intérpretes. Mulheres que são muitas em uma só, levam o espectador a uma travessia por histórias de suas terras.
Nesta montagem, o público é levado a conhecer a história de três mulheres pertencentes aos povos originários brasileiros: Aracy, Jurema e Kaliga. Cada uma tem características individuais e vive em tempos e espaços diferentes, mas todas têm algo em comum:
“As três passam por situações de violência e juntas encontram um caminho de força. As dores não são ignoradas, nossa intenção aqui não é propor uma visão romantizada sobre o tema. O que queremos é encontrar uma forma de, juntas, transformar essa dor em luta, nos conectando também com a luta das mulheres indígenas”, explica a artista da dança e membro do Coletivo Luzeiras Rúbia Galera.
UMAEMTODAS é um espetáculo concebido sob o método BPI de dança: Bailarino-Pesquisador-Intérprete. Ele se baseia em manifestações tradicionais e populares brasileiras e propõe três eixos para a estruturação da personagem: Inventário do corpo (o olhar para o contexto individual do profissional da dança e o uso do repertório próprio de cada um); Coabitar com a fonte (pesquisas de campo, a relação com outras pessoas, o encontro com outros repertórios de vida e de Brasil); e Estruturação do personagem (a mistura do pessoal, da ida ao campo e da relação com as pessoas para a concepção da personagem)
Povos Guarani
Luzeiras foi formado durante o curso de graduação em Dança na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), quando o método BPI despertou nas integrantes o interesse por estudar no corpo a resistência da natureza no meio urbano.
“Desde aquela plantinha que brota no meio da rua, até os grandes desastres ambientais, observamos e estudamos tudo isso, misturado com diferentes manifestações populares brasileiras”, conta Rúbia.
Com uma ligação já antiga que Rúbia possuía com a Comunidade Guarani MBYA do Jaraguá, na capital paulista, as três realizaram então uma imersão no local. “Fomos recebidos pela população de lá um pouco antes de estourar a pandemia do Covid-19 no Brasil, no início de 2020. Chegamos em um contexto tenso porque estavam iniciando a construção de um condomínio de luxo dentro do território deles. O conflito resultou em uma ocupação do espaço para tentar impedir o avanço das obras e nós participamos de tudo isso, de ações de reflorestamento e limpeza de um rio”, relembra Rúbia.
“Mergulhamos depois de toda essa vivência em um laboratório que trouxe para o nosso corpo aquilo que vimos e sentimos no campo”, aponta. “A gente não reproduz o que está ali. Nosso trabalho é trazer para o corpo aquilo que vimos e vivemos, e nossa perspectiva daquilo nas trocas que tivemos com aquelas pessoas”.
Individual e coletivo
As histórias individuais de cada artista em UMAEMTODAS se transpõem em suas personagens para criar a história coletiva. “É também um chamado para as pessoas se conectarem com as histórias das personagens e o que elas representam, como uma forma de se reconhecer no outro, sentir uma identificação e se fortalecer para continuar lutando e seguindo em frente”.
As três trazem em comum para o espetáculo suas vivências com os povos Guarani, mas cada uma tem também em si suas singularidades: Rúbia possui estreita relação com terreiros de Umbanda; Letícia com a cultura caipira ligada às romarias e à religiosidade católica do interior de São Paulo; e Iara, com famílias tradicionais circenses de Campinas.
“No fim, o espetáculo é totalmente sobre nós em relação com o mundo. Até o fato de falarmos sobre a violência contra a mulher também tem a ver com o que vimos em campo, de vermos mulheres preocupadas com seu território, que carregam uma seriedade no corpo, protegendo seus filhos e as terras em que vivem”, finaliza a artista.
SERVIÇO
Espetáculo UMAEMTODAS
Transmissão online:
Estreia 22/8, às 19h
Disponível em tempo integral até 03/09
Acessibilidade: Audiodescrição
Grátis
Acesso: http://youtube.com/museudadanca
Bate-papos online via Zoom
Método BPI como metodologia de criação
Com Larissa Turtelli, Paula Teixeira e Mariana Jorge
22/8 (segunda-feira), às 19h30
Acessibilidade: LIBRAS
Grátis
Ingressos: http://sympla.com.br/portalmud
Mulheres em movimento: Promotoras Legais Populares e o combate à opressão
Com Griota Nilvanda Sena
29/8 (segunda-feira), às 19h30
Acessibilidade: LIBRAS
Grátis
Ingressos: http://sympla.com.br/portalmud