A Suíça acolhe nestes sábado (15) e domingo (16) a Conferência para a Paz na Ucrânia, que juntará representantes de mais de 90 países e organizações. Rússia e China estão entre os ausentes de peso.
O objetivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é “inspirar um futuro processo de paz”, tendo por base “os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz baseadas na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional”.
No encontro, realizado em Burgenstock, nos arredores de Lucerna (centro da Suíça), para a qual foram destacados 4 mil militares para garantir a segurança do evento, a Ucrânia espera obter um largo apoio internacional a um plano conjunto de paz, já na perspectiva de um segundo encontro, para o qual seria convidada a Rússia, que atualmente ocupa cerca de 20% do território ucraniano, na sequência da ofensiva militar lançada em fevereiro de 2022.
Entre os participantes – cerca de metade dos quais da Europa – contam-se o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron.
Entre os grandes ausentes da conferência, para a qual haviam sido convidados 160 países e delegações, destaque naturalmente para a Rússia.
Por diversas ocasiões, a Rússia criticou a realização de uma conferência baseada no plano de paz apresentado em finais de 2022 por Zelensky – que prevê na sua versão inicial uma retirada das tropas russas do território ucraniano, compensações financeiras por parte das autoridades russas e a criação de um tribunal para julgar os responsáveis russos -, e acusou a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias.
O outro grande ausente de peso é a China, um dos grandes aliados de Moscou e vista como intermediária fundamental para futuras conversações de paz, que rejeitou participar dada a ausência da Rússia, tendo Zelensky acusado Pequim de trabalhar em conjunto com o Kremlin (presidência russa) para sabotar a conferência, ao pressionar países para não participarem.
De resto, entre os membros do grupo dos países de economias emergentes (BRIC), além da Rússia e da China, também o Brasil não participará, por considerar indispensável a participação da Rússia – ainda que o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha estado esta semana na Suíça para participar de uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A presença de uma delegação da África do Sul continua incerta, e apenas a Índia confirmou publicamente a sua presença na conferência, mas ainda se desconhece a que nível de representação.
Na sexta-feira (14), ao chegar à Suíça, Zelensky afirmou: “Serão dois dias de trabalho ativo com países de todas as partes do mundo, com nações diferentes que, no entanto, estão unidas por um objetivo comum de trazer uma paz justa e duradoura na Ucrânia”.
Numa mensagem publicada na rede social X, o governante sustentou que a conferência irá constituir “uma oportunidade para a maioria global tomar medidas específicas em áreas importantes para todos no mundo: segurança nuclear, segurança alimentar e regresso dos prisioneiros de guerra e de todas as pessoas deportadas, incluindo as crianças ucranianas deportadas”.
(Agência Lusa)