Estudo publicado por pesquisadores da São Leopoldo Mandic na revista Oral Diseases compara diagnósticos de perda gustativa em pacientes com Covid-19 e indivíduos com outras doenças respiratórias. “Sabemos na literatura que a perda de paladar está relacionada ao Sars-Cov-2, e esse trabalho vem confirmar tal afirmação, além de mostrar a alta frequência da perda de sensibilidade do sabor umami entre os pacientes da doença”, explica o professor e pesquisador da universidade Marcelo Sperandio.
Dos 166 pacientes entrevistados, 85 foram diagnosticados com Covid-19 e 81 apresentaram outras síndromes respiratórias. “Embora os pacientes com outras doenças tenham registrado apenas 15% de disfunção do paladar, 71% dos infectados pelo Sars-Cov-2 relataram comprometimento significativo de gustação. Além disso, os pacientes com coronavírus apresentaram a deficiência por uma duração média de 6 dias, enquanto os demais tiveram uma média de 3 dias, ou seja, a deficiência gustativa em casos de Covid-19 é mais longa”, analisa o professor.
Descoberto pelos japoneses, o umami ou glutamato – em conjunto com o doce, salgado, azedo e amargo – compõe o paladar dos seres humanos, e está presente na mesa dos brasileiros em cogumelos, tomates, carnes bovinas, etc.
De acordo com a pesquisa, ao comparar pacientes com Covid-19 e os infectados por outras doenças respiratórias, o umami é o sabor que apresenta uma diferença expressiva no índice de deficiência gustativa dos pacientes infectados pelo Sars-Cov-2 (cerca de 65%) em comparação com aqueles que apresentam outros vírus (25%).
“Podemos concluir que se o paciente apresentar deficiência do umami, é quase certeza que é um caso de Covid-19. Isso tem um ponto de vista social porque, em caso de falta de testes e da ausência do sabor específico, é possível auxiliar com o diagnóstico e o isolamento. Porém, vale lembrar que nem sempre o paciente vai apresentar esse sintoma”, explica Sperandio.