A paquera em tempos de pandemia ficou mais solitária. Os contatos virtuais cresceram e os presenciais diminuíram, se bem que ainda tem gente que não teme o vírus, tamanha é a necessidade por contato físico.
Portanto, nada melhor que ouvir um sexólogo nesse momento de isolamento. Compensa se arriscar? Melhor ficar só no virtual até a vacina chegar para todos? Quem conversa comigo é Márcio Belo, médico psiquiatra, sexólogo, psicoterapeuta de casais e família.
Fundador do Instituto Persona, de Campinas, o especialista comenta que a pandemia tem influenciado intensamente no bem-estar da vida das pessoas e consequentemente na saúde sexual, interferindo no exercício da sexualidade e nas relações interpessoais. “Alguns sentimentos e transtornos predominam neste momento, como raiva, tédio, frustração, depressão, ansiedade e até transtorno do estresse pós-traumático, sendo que tudo isso afeta a sexualidade e a função sexual”, ressalta.
Como diversos fatores têm interferido na vida sexual, o sexo virtual é uma opção de prazer, “sem riscos de contrair o coronavírus, desde que seja prazeroso e sem culpas”, esclarece o sexólogo.
Na internet, nota-se o aumento de consumo de pornografia e, de acordo com Márcio Belo, ainda não se sabe qual faixa de idade é mais adepta. “Não há dados científicos com estratificação das faixas etárias, mas sabe-se que a perda da privacidade, o confinamento e a diminuição dos recursos de lazer associados ao estresse restringiram o exercício da sexualidade”, explica.
Pergunto o que ele diria para quem, no auge da pandemia, quer fazer sexo sem medo de se contaminar pelo coronavírus. Ele responde: “Vários serviços de Saúde no mundo já publicaram políticas e pesquisas sobre as formas de sexo mais seguro para prevenir a contaminação da Covid-19, dentre elas:
– O vírus se espalha por meio de partículas na saliva, muco e respiração das pessoas com Covid-19.
– O vírus foi encontrado nas fezes e no sêmen.
– Você é o seu parceiro sexual mais seguro.
– Depois de você, o parceiro sexual mais seguro é alguém que mora com você.
– Restrinja a prática sexual com pessoas que não moram com você.
Experiências
Em uma pesquisa que fiz nas últimas semanas com pessoas que têm aderido ao sexo virtual durante o isolamento, constatei que algumas se divertem e aliviam o estresse dessa forma, enquanto outras se cansam facilmente do on-line.
Cláudia, uma das pessoas que ouvi, achou ótimo o contato virtual nos primeiros dois meses. “Os papos foram ficando mais quentes, trocamos nudes e fizemos mil planos, mas quando percebemos que a quarentena não acabaria tão cedo, o romance esfriou, até acabar. Foi bem frustrante”, lamenta.
Para Thomaz, que quase nunca recorria ao virtual por gostar muito do contato físico, a experiência virtual foi boa, mas depois de muita troca de nudes os dois não resistiram e se encontraram. “Não tiramos as máscaras e não nos beijamos, muito esquisito. Não marcamos um novo encontro, mas ainda nos falamos. Ficamos com medo”, admite.
Portanto, meus caros, a escolha é de cada um. Melhor conter o impulso, agir com responsabilidade e refletir antes de se arriscar. Mande mensagem para o e-mail [email protected] para dar a sua opinião sobre o tema.
Janete Trevisani é jornalista