O tempo não rouba a nossa essência e estudos comprovaram que bons relacionamentos nos mantêm felizes e saudáveis por mais tempo. Já na casa dos 75 anos, queremos olhar para homens e mulheres na meia-idade, aos 50, e tentar prever quem vai se tornar um feliz e saudável octogenário. Um estudo desenvolvido em Harvard, desde 1938, e liderado atualmente pelo psiquiatra Robert Waldinger, acompanhou 724 homens ao longo de 75 anos e descobriu que não foi a fama ou o dinheiro que os fizeram mais felizes e saudáveis, mas sim os bons relacionamentos que cultivaram ao longo de toda a sua vida.
Ao envelhecer com parceiros que mantiveram relações boas e afetuosas, relatados em seus 70, para mais, anos, mesmo nos dias em que tenham alguma dor física, seu humor pode ser alto e positivo.
A grande lição desse estudo é que os bons relacionamentos não apenas protegem nossos corpos, eles protegem nossos cérebros, nosso humor.
Felizmente, aos meus 74, posso entendê-lo por mim mesmo e pelos meus amigos de 90 a 100 anos, que permanecem tão felizes e inteligentes, independentemente da idade. Aprendi que envelhecer não é colecionar rugas, mas experiências e, portanto, é preciso buscar encontrar nossa melhor versão em cada fase da vida. E nunca perder a disciplina de viver com projetos e propostas. Pensando nos outros.
Desde pequeno eu frequentava o asilo com meus pais, que faziam trabalho voluntário lá, e observava atentamente o quanto os senhores que habitavam o local se sentiam vivos ao relatar suas experiências de vida, seus relacionamentos.
Nessas idas ao asilo pude também comprovar outro dado triste e verídico desse estudo feito em Havard: a solidão e a falta de relações saudáveis fazem muito mal para a saúde e até matam.
Portanto, estar em um relacionamento seguro e afetuoso com outra pessoa, na casa dos 70 anos, é protetor para ambos. Principalmente quando eles sentem que podem contar um com o outro em momentos de necessidade ou para trocar ideias. E criar todo dia um tempo de qualidade onde um ouve o outro com carinho e sem interromper. O estudo comprovou também que as memórias dessas pessoas permanecem nítidas por mais tempo e continuam propositivas mesmo em doenças difíceis.
Já as pessoas que não têm bons relacionamentos, não sabem ouvir, e sentem que realmente não podem contar com o outro, experimentam o declínio da memória e se tornam rudes ou negativas o tempo todo. Na minha vivência frequentando asilos percebi o quanto relações saudáveis podem fazer a diferença na vida e em nossa saúde física e emocional.
Então, nossa saúde e bem-estar são como colunas que nos suportam e nos mantém em pé, dependem muito de nossos relacionamentos íntimos e relacionamentos sociais e familiares.
Mas por que é tão difícil conseguir e tão fácil ignorar esses ensinamentos? É que nós somos humanos.
Quando mantemos relacionamentos respeitosos e afetuosos, pensando sempre em ajudar o outro, mesmo sabendo que não é fácil, as chances de envelhecer ou “octogenar” são bem maiores. Afinal, ninguém gosta de sair de uma festa antes da hora, principalmente quando ela se chama vida! A beleza maior de viver está em aproveitar a festa até o último minuto, e nada melhor que cultivar relacionamentos felizes e saudáveis, com causas propositivas, mantendo amizades que nunca acabam.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social