Com base em uma atualização do guia de vigilância do Ministério da Saúde, especialistas que participaram ontem (29) à noite da 20ª edição do Fórum da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) defenderam a realização precoce do exame Rt-PCR para detecção do coronavírus. A medida, que já foi defendida várias vezes em edições anteriores do evento no ano passado, voltou a ganhar destaque no atual cenário da pandemia como uma das alternativas que poderiam ajudar a evitar a contaminação.
De acordo com o epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, Dr. André Ribas de Freitas, um dos convidados, o teste realizado precocemente, já no primeiro dia de sintoma, poderia evitar a volta do paciente ao serviço de saúde, uma nova exposição da equipe de saúde ao vírus e a sobrecarga do serviço de saúde, além de permitir que medidas, como o isolamento do paciente e de seus contatos, fossem tomadas antecipadamente. “Nós já sabemos que 50% da transmissão ocorre antes do início dos sintomas. Como o paciente procura o serviço de saúde no 2º ou no 3º dia de sintoma, cerca de 70% da capacidade de transmitir já aconteceu”, disse. Por este motivo, além do exame precoce, ele também defende que os contactantes do paciente iniciem o isolamento já na suspeita da doença, como vem recomendando desde o ano passado.
O coordenador do Departamento de Patologia da SMCC, Dr. Cesar Alex de Oliveira Galoro, explicou mais uma vez que estudos mostram que a carga viral do coronavírus já é alta a partir de um a dois dias antes do início dos sintomas e que após o início dos sintomas, ela começa a declinar. “Tem tanto a importância do diagnóstico precoce como a testagem no momento do pico da carga viral, que vai dar maior positividade para o teste”, diz. “Para o coronavírus, quanto mais a gente espera para fazer o teste, menor a carga viral e maior a chance de ter um resultado negativo”, completa.
Diante da explanação, o diretor comercial e marketing da SMCC, Dr. Marcelo Amade Camargo, que modera os Fóruns, questionou sobre a eficácia do PCR feito em amostra de saliva e se os testes vendidos em farmácias são tão eficientes quanto os Rt-PCR por swab da nasofaringe, realizados em laboratório. De acordo com Dr. Galoro, os testes realizados em laboratório são coletados em estruturas diferentes e, portanto, do seu ponto de vista, são mais seguros que qualquer um obtido em farmácias. Sobre utilizar saliva como amostra, comentou: “O primeiro estudo que a gente tentou fazer em laboratório não validou. A saliva tinha uma sensibilidade menor do que o swab da nasofaringe. Cerca de 10% dos casos não eram detectados na saliva”. Ele completou que um outro estudo também mostrou a sensibilidade menor da saliva, mas que já há estudo que mostra que os dois exames são comparáveis. “Eu, pessoalmente, não valido. Ainda preferiria fazer a coleta da nasofaringe sempre que possível”, afirma.
O evento contou, ainda, com a participação da presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos, da diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) de Campinas, Dra. Andrea Von Zuben, e do secretário de Saúde de Campinas, Dr. Lair Zambon, dentre outros especialistas. (Com informações da Assessoria da SMCC)