Mapeamento sobre a transição demográfica na Região Metropolitana de Campinas (RMC) indica um processo acelerado de envelhecimento da população até 2040. O estudo, realizado pelo Observatório PUC-Campinas, mostra dados e projeções por município da região.
Segundo o Prof. Dr. Cristiano Monteiro da Silva, coordenador do trabalho, o crescimento já mostrou ser consistente nos últimos 20 anos.
O número de pessoas com mais de 60 anos dobrou em duas décadas e pode ser quase a metade da população adulta em 2040.
“Pode-se perceber, no primeiro momento, que as cidades da RMC tinham a relação em 2000 perto de 10 idosos para cada 100 pessoas; porém, este número se aproximou de 20 idosos, em 2020. Convém destacar o olhar preditivo para o ano de 2030, ou seja, um momento tão próximo, este indicador social aponta algo perto de 30 idosos para cada 100 pessoas adultas”, avalia o pesquisador.
A redução da taxa de natalidade também cresce rápido na região. A RMC contava com algo perto de 35 jovens para cada 100 pessoas adultas em 2000, mas essa relação caiu para perto de 28 jovens em 2020.
Nesse ritmo, o estudo projeta a a superioridade da participação dos idosos em 2040, a relação entre 41 idosos para 100 pessoas adultas e, no caso dos Jovens, o declínio que expõe a relação de 22 para 100 adultos. Chega-se ao ponto de vista que se trata de uma transição demográfica que anuncia a estrutura etária da população envelhecida.
“À primeira vista, a RMC vivencia o que se pode atribuir como uma transição demográfica marcada pela desaceleração das taxas de natalidade e crescimento populacional, condicionada a uma população economicamente ativa que está chegando na faixa etária reconhecida como pessoa idosa, tudo isso combinado com alto nível de urbanização. Certamente, uma situação que obriga novos olhares sobre as demandas da vida social urbana”, ressalta o professor.
Mudança nas políticas públicas
Diante do quadro levantado pela pesquisa, a discussão aponta para a situação de que a Região Metropolitana de Campinas, em função dos efeitos da transição demográfica, em certo tempo necessitará menos das construções físicas de escolas. Por outro lado, caso o fenômeno se confirme, a região vai precisar muito da capacidade da intensificação tecnológica como forma de inclusão das pessoas ao novo no sistema educacional.
Segundo o estudo, também será necessário um plano de inovação em serviços públicos, tornando possível a filiação de pessoas em situação de vulnerabilidade social, além de se alcançar a capacidade da oferta dos direitos em saúde, educação, segurança, lazer, cultura, habitação, entre outros direitos sociais, em conformidade com as necessidades reais dos agrupamentos da população.
A gestão de políticas públicas em uma situação social pautada por taxas de natalidades baixas, combinada com sinais de estrutura etária envelhecida, implica em reprodução social na qual o poder decisório precisa se ater as prioridades em serviços públicos, empregos e nas demandas características da vida social urbana, observa o coordenador do estudo.
Parte das informações do levantamento foi apresentada aos prefeitos na última reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMC, que ocorreu na última terça-feira (21) no Campus I da PUC-Campinas. O estudo completo será divulgado na próxima semana na página do Observatório no site da PUC-Campinas (https://observatorio.puc-campinas.edu.br/ ).