Campinas é uma das 11 cidades paulistas que integram o maior estudo brasileiro de prevalência da Covid-19. O projeto está previsto para começar ainda neste mês de junho, num esforço do Ministério Público do Trabalho (MPT), de Campinas, em conjunto com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O EPICOVID-19 é considerado o maior estudo epidemiológico sobre o coronavírus no Brasil. Ele já foi realizado em mais de 100 cidades do País.
Na sua edição paulista, o estudo incluirá a realização de 500 entrevistas pessoais, em domicílio e face a face, abrangendo 11 municípios: Campinas, São Paulo, Sorocaba, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Araraquara e São José dos Campos.
O projeto que esmiuçará a prevalência da Covid-19 na população dará ênfase para a questão trabalhista, por isso, conta com a coordenação do MPT. Neste sentido, o objetivo da força-tarefa é identificar os segmentos econômicos mais atingidos pela doença, as medidas de prevenção adotadas por setores laborais, a oferta de testes e a identificação de novas variantes da doença.
Unicamp
Os pesquisadores da Unicamp ficarão responsáveis pela aplicação de testes rápidos por imunoensaio enzimático (Elisa) em amostras de sangue, em 500 amostras coletadas em cada uma das cidades selecionadas, totalizando 5,5 mil exames. Isso possibilitará o auxílio no planejamento de ações para saúde ao apontar uma estimativa de quantas pessoas já foram infectadas pelo vírus, além de mostrar quais regiões e grupos populacionais estão mais vulneráveis à Covid-19.
A universidade também fará o sequenciamento de aproximadamente 600 amostras do coronavírus coletadas nas 11 cidades pesquisadas, propiciando a identificação das variantes em circulação e possíveis novas variantes com potencial de contágio, inclusive em pessoas que já contraíram a Covid-19 ou que já foram imunizadas por meio de vacina.
Campinas é a metrópole paulista (cidade com mais de 400 mil habitantes) com o melhor índice de vacinação: perto de 35% com a primeira dose.
O total de vacinas aplicadas na cidade chega a 627 mil, considerando os dados até a última segunda-feira à tarde (21 de junho). Nesse balanço, 457 mil são da primeira dose e 169 mil com a segunda. Os números atualizados da Covid-19 no município, incluindo redes pública e privada, apontam para 110 mil casos oficiais na pandemia, com 3.587 óbitos.
Covid e trabalho
Os resultados do EPICOVID-19/SP têm potencial para direcionar a atuação do MPT em inquéritos e procedimentos promocionais, dando a possibilidade de identificar os grupos profissionais mais atingidos pela pandemia e orientar políticas de Vigilância Epidemiológica, inclusive para futuras epidemias. O projeto será acompanhado pelo MPT através de um procedimento normativo. O EPICOVID-19/SP também fará uma avaliação sobre a oferta de testes diagnósticos e das informações sobre os protocolos epidemiológicos adotados por setores laborais.
“Com base no perfil epidemiológico de infecção por Covid-19 é possível observar que a maior proporção dos infectados pertence à população em idade economicamente ativa, o que nos leva a refletir sobre ações em saúde pública para o enfrentamento da pandemia no que concerne à saúde ocupacional dos indivíduos. Em geral, os indivíduos que recebem maior atenção dessas ações em saúde pública são os profissionais de saúde, visto que esses configuram o grupo de maior risco de contaminação e transmissão de Covid-19”, aponta o professor Pedro Halal, da UFPel.
Segundo a procuradora Fabíola Junges Zani, os dados epidemiológicos levantados pelo estudo possibilitarão ao MPT ter um retrato do desenvolvimento da Covid-19 nos locais de trabalho. “A finalidade pública deste projeto é inegável e sua importância inestimável para a atual epidemia, bem como para futuras epidemias, por produzir relevante e amplo conhecimento do desenvolvimento da doença no Brasil. Os dados possibilitarão identificar populações mais expostas e as respectivas atividades laborais, possibilitando a formulação de mecanismos de enfrentamento mais eficazes. A criação de uma rede interinstitucional de cooperação entre as instituições, com a finalidade de promover estudos, projetos, avaliações e diagnósticos visa o alcance do interesse público em benefício de toda a sociedade brasileira”, afirma.
Além de acompanhar ativamente o projeto, o MPT custeou a iniciativa, destinando o valor de R$ 2 milhões, oriundo de um acordo judicial.
A execução das entrevistas pessoais em domicílio e da coleta das amostras para testagem será feita por equipes do Instituto Inteligência Pesquisa e Consultoria – IPEC (antigo Ibope Inteligência), simultaneamente nas 11 cidades selecionadas, e observará os critérios metodológicos estabelecidos pela UFPel e pela Unicamp.
(Com informações do MPT)