Desde o fim da Série B de 2018, quando conduziu a Ponte Preta em uma arrancada incrível que quase terminou com acesso, o técnico Gilson Kleina vem vivendo um verdadeiro calvário dentro da competição, vencendo menos de 20% dos jogos que disputou nos últimos dois anos.
Comandante da Macaca nas memoráveis campanhas do acesso à elite em 2011 e do vice-campeonato paulista de 2017, o treinador de 53 anos tentava se estabelecer como técnico de Série A quando entrou para a história da Chapecoense ao classificar a equipe para a Libertadores da América, um ano depois do acidente aéreo que matou 19 jogadores da equipe, dentre 71 vítimas fatais, em 2016.
Na busca por ser reconhecido como um treinador muito além de especialista em Série B, Gilson Kleina viu a carreira dar um salto para trás. De 2019 para cá, Kleina disputou 62 jogos de Série B e, pasmem, conquistou apenas 12 vitórias. Em outras palavras, somente 19% dos resultados foram positivos neste período. Para completar a estatística geral, ele amargou 27 derrotas e 23 empates, o que equivale a um baixo aproveitamento de apenas 31,7%. O índice representa cerca de oito pontos percentuais a menos do que qualquer time precisa para não ser rebaixado em um campeonato de pontos corridos.
O desastroso retrospecto recente do treinador começou no Criciúma, time que Kleina dirigiu nas primeiras 14 rodadas da Série B de 2019, com três vitórias, quatro empates e sete derrotas. Ele foi demitido com aproveitamento de 30% e o Tigre acabaria rebaixado.
Na metade daquela mesma edição do torneio, em 2019, Gilson Kleina foi contratado pela Ponte Preta para tentar repetir o grande desempenho final do ano anterior, mas o tiro saiu pela culatra. O treinador comandou a equipe alvinegra durante todo o segundo turno, mas só entregou quatro vitórias em 19 jogos. Foram ainda oito empates e sete derrotas, resultando em 35% de aproveitamento. A Macaca terminou a competição na modesta 11ª colocação, com 47 pontos.
Já na temporada passada, Gilson Kleina comandou o Náutico durante 17 rodadas, mas só conseguiu alcançar quatro vitórias, sofrendo oito derrotas e cinco empates, o que correspondeu a um aproveitamento de 33%. Após Kleina ser demitido no início do segundo turno, o Timbu reagiu com o técnico Hélio dos Anjos, fugiu da queda e hoje é líder invicto da Série B.
Enquanto isso, Gilson Kleina acumula apenas 25% de aproveitamento no comando da Ponte Preta, que venceu apenas um jogo em 13 rodadas na atual edição do Brasileiro. Com a derrota por 1 a 0 para o Vitória, na última terça-feira (20), no Barradão, a Macaca chegou a cinco jogos sem vitória e parece não ter forças para deixar a zona de rebaixamento. A equipe ocupa a vice-lanterna, com nove pontos, e possui o pior ataque da competição, com apenas seis gols, ao lado do Vila Nova e do lanterna Londrina.
“Não resta a menor dúvida que a nossa pontuação é ruim e todo mundo está incomodado com isso, mas temos que levantar a cabeça, trabalhar e pedir o apoio do nosso torcedor. A gente sabe da cobrança e exigência, mas vamos ter que jogar junto, com todo mundo unido. Eu nunca passei por essa situação com a Ponte Preta. Está todo mundo sofrendo, mas pode ter certeza que vamos sair dessa juntos”, afirmou Gilson Kleina, em entrevista coletiva concedida após o resultado negativo, mais um, em Salvador. O calvário do time – e do treinador – parece não ter fim.