Um grupo de mães protestou nesta segunda-feira (21) pela manhã em frente ao prédio da Prefeitura de Campinas contra a decisão da Secretaria Municipal de Saúde, que manteve a obrigatoriedade do uso de máscaras para crianças nos ambientes fechados das escolas.
A restrição vale para estudantes da escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio das redes municipal, estadual e particular.
Na última sexta-feira (18), o prefeito Dário Saadi (Republicanos) anunciou o fim da exigência da máscara, mesmo em locais fechados. A exceção, no entanto, ficou por conta das salas de aula para esta faixa de idade.
O secretário de Relações Institucionais, Wanderley de Almeida, recebeu uma comissão dos manifestantes. Os representantes ficaram de protocolar as reivindicações e a Administração informou que vai responder oficialmente à demanda. Até agora não definiu o prazo para resposta.
O protesto começou pouco depois da 10 horas e reuniu perto de 50 pais e mães.
Na manifestação, havia cartazes com frases como “Libertem as crianças”; “Política com nossos filhos, não!”; “Máscara em criança: danos, lesões, quem paga?”, diziam alguns dos cartazes.
A psicanalista clínica Brunna Beghini – que tem filhos em idade escolar e uma das participantes do manifesto – diz integrar um grupo denominado MAE.CPS. Segundo ela, trata-se de um grupo “apartidário” formado por famílias “que buscam unir forças para que máscaras sejam opcionais nas escolas”.
Ela garante que o grupo não é contra o uso da máscara, mas explica ser favorável à liberdade de escolha de cada família no contexto atual.
“Os dados fornecidos pelo município indicam que a doença está controlada, a incidência é baixa e não grave em crianças e o uso de máscara já está liberado em todos os outros ambientes exceto na escola, onde nossas crianças precisam aprender através da expressão facial”, justifica ela.
“Minha escolha é para que (as crianças) possam frequentar escola sem máscaras, já que existe, em meu entendimento, um impacto negativo quanto a questões pedagógicas, de alfabetização e sócioemocionais pelo uso da máscara por tempo tão estendido”, acrescenta.
Segundo a psicanalista, o MAE.CPS conta hoje com cerca de 200 integrantes, com pais de alunos de escolas privadas e públicas.
O protesto contou também com a participação do vereador Marcelo Silva (PSD).
“Nós entendemos que a exigência da máscaras nas escolas é incoerente. As crianças podem andar sem máscara nos shoppings, nos restaurantes, nos bufês infantis, nos jogos de futebol. Só na sala de aula que não pode?”, questiona o vereador. “O vírus só circula nas salas de aulas?”, reforça.
“O que nós queremos apenas é que a Administração dê a faculdade do livre arbítrio para a família exercer seu pátrio poder e decidir se quer ou não mandar o filho com máscara para a escola”, completou.
Justificativa
A Secretaria Municipal de Saúde diz que a justificativa para manutenção da obrigatoriedade do uso da máscara nas escolas se deve à baixa adesão desta faixa da população à vacina contra a Covid-19.
De acordo com os dados oficiais, o número de crianças de 5 a 11 anos com o ciclo vacinal completo em Campinas está em 21% – um índice considerado muito baixo.
De acordo com dados apresentados na sexta-feira (18) pela pasta, das 112,2 mil crianças nesta faixa de idade, um total de 54,4 mil (48,3%) tomaram a primeira dose e apenas 23.836 (21%) já receberam a segunda. Isso significa que um grupo de 88,4 mil crianças ainda não tem o ciclo completo de vacinação na cidade.
Do grupo de 12 a 17 anos, a cobertura está um pouco melhor, mas ainda é considerada baixa: chegou esta semana a 62%.
De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Andrea Von Zuben, o índice mínimo de cobertura recomendado é de 70%. “O ideal é acima de 90”, diz ela.
“Esse é um dado muito triste”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos), na apresentação dos dados. “As pessoas precisam entender que a ideia (da vacinação) é proteger as crianças”, argumentou ele na coletiva.