Um caso que gerou muita repercussão em Campinas no ano passado tem mais um desdobramento judicial. A Justiça de Campinas recebeu a denúncia contra o administrador de empresas Rodrigo Ferronato, 37 anos, por quatro crimes cometidos durante um ataque de fúria numa sorveteria do bairro Flamboyant, em setembro de 2020. Na ocasião, ele ofendeu a proprietária do estabelecimento comercial após ter ouvido dela de que era necessário usar a máscara de proteção corretamente. Ferronato passa a ser, portanto, réu por tentativa de lesão corporal, dano qualificado, denunciação caluniosa e ameaça.
“Ele será citado para apresentar sua defesa e na sequência é designada audiência de instrução e julgamento para que o Ministério Público comprove a sua tese”, afirma o advogado da proprietária da sorveteria, Guilherme Martins.
Somadas as penas de todos os crimes descritos na denúncia, o administrador pode ser condenado a pouco mais 9 anos de reclusão. “Os crimes de ameaça e dano qualificado têm pena de 1 a 6 meses de detenção; lesão corporal, de 3 meses a 1 ano, mas essa pode ser reduzida porque foi na modalidade tentada. E o crime de denunciação caluniosa tem previsão de reclusão de 2 a 8 anos”, explica o advogado.
Conforme a denúncia do Ministério Público, Rodrigo não pode gozar do benefício de acordo de não persecução criminal, que permite substituir penas de reclusão por pagamento de multas, por exemplo. “Isso acontece porque temos um crime que envolve ameaça; porque ele possui histórico de agressividade e já teria sido condenado pela Justiça Federal pelos crimes de ameaça e denunciação caluniosa contra uma médica do INSS”, completa Martins.
O caso ocorreu em 12 de setembro do ano passado. As imagens da confusão viralizaram nas redes sociais de todo Brasil. A sua máscara estava no queixo e ele não gostou de receber a observação. Descontrolado, passou a xingar a comerciante usando palavrões, além de chutar e quebrar equipamentos do estabelecimento.
“Depois da confusão, ele foi até a delegacia e registrou um boletim de ocorrência afirmando que a sorveteria descumpria as medidas sanitárias impostas pela pandemia e que a dona da loja o teria agredido quando ele cobrou o cumprimento dessas medidas. Por isso foi acusado de denunciação caluniosa”, observa Martins.
Um cliente da sorveteria, que estava num canto do estabelecimento, gravou tudo com o seu celular.
Mercearia
Edmundo Conceição Santos, de 62 anos , que no domingo foi agredido por dois homens numa mercearia no bairro São Judas Tadeu, em Campinas porque pediu para que vestissem máscara, permanece internado no Hospital da PUC em estado grave.
Ele foi agredido a socos e pontapés depois de falar com dois supostos clientes que usassem a proteção. Ele teve a perna quebrada e sofreu ferimentos na cabeça. Segundo boletim desta terça-feira (30) do Hospital da PUC, o estado de saúde dele é estável, porém, considerado grave. Não há previsão de alta.