A Revolução Constitucionalista de 1932 completa 90 anos neste sábado (9) e a data histórica, que remete à resistência paulista às tropas federais de Getúlio Vargas, será lembrada em solenidades e homenagens em Campinas e Região.
Em Campinas, está prevista uma solenidade presencial com familiares dos ex-combatentes e simpatizantes às 9h horas no Monumento Túmulo aos Voluntários de 1932, localizado na Praça Voluntários de 32, em frente ao Cemitério da Saudade, no bairro Ponte Preta.
O Centro de Memória-Unicamp (CMU), por meio de seu Serviço de Difusão, vai lançar às 9h, em seu canal na Plataforma Google Arts and Culture, a exposição virtual “Revolução de 1932: 90 anos depois”, em comemoração à efeméride. A exposição virtual tem duas partes, “O conflito armado” e “O legado“, e contém um recorte de imagens, documentos textuais e objetos que integram o arquivo do CMU.
Em Jaguariúna, a Prefeitura programou homenagens e abrirá o museu da Fazenda da Barra para visitação.
O evento na cidade está marcado para começar no início da manhã e contará com a presença de militares do Exército Brasileiro e do grupo Trincheiras de Jaguariúna que vão explicar aos presentes como foi a Revolução.
O tanque de guerra que recebeu o nome da cidade de Jaguariúna estará no local para quem quiser conhecer de perto como funciona. Além disso, também haverá visitação ao casarão da Fazenda da Barra que será guiada e os participantes poderão aprender um pouco mais sobre história na exposição da Revolução de 32 onde há documentos originas, munição de armamentos, uniformes e muito mais.
A Prefeitura de Nova Odessa preparou o Cemitério Municipal ao longo da semana para as visitas aos túmulos dos 13 heróis da cidade na Revolução Constitucionalista de 1932. O Centro Ecumênico do local abriga o Monumento ao Soldado Constitucionalista inaugurado em 2005, mas o local mais visitado, destaca a Administração Municipal, costuma ser o túmulo de Aristeu Valente, único novaodessense morto em combate.
O que foi a Revolução Constitucionalista de 32?
Em 1930 Getúlio Vargas e os seus tenentes subiram ao poder após a vitória de uma revolução conduzida pela Aliança Liberal, que derrubou a chamada Velha República. Contudo, depois de assumir o poder, Vargas tornou-se um ditador. Revogou a Constituição de 1929, que tinha sido reformada em 1926, e prometeu que viria uma nova para contemplar os anseios do povo.
Mas, ao invés disso, passou a exercer poder ilimitado, removeu os governadores, chamados de Presidentes de Estado à época, e os trocou por tenentes, que eram interventores. Dois anos após seus desmandos, eclodiu em São Paulo um estado de revolta com toda a situação. São Paulo já era um estado moderno, berço de elites intelectuais e artísticas. O clima ficou insustentável.
Em 23 de maio, os paulistas se manifestaram contra a ditadura na atual Praça da República, na capital do estado, mas foram recebidos à bala. Morreram os estudantes Euclides Bueno Miragaia, de 21 anos, Mario Martins de Almeida, Drausio Marcondes de Souza, de 14 anos e o campineiro Antonio Américo de Camargo Andrade, de 31 anos. De seus nomes nasceu a sigla MMDC.
A revolta se acentuou e em 9 de julho de 1932 começou a revolução, tendo sido ocupados o Quartel General da 2ª Região Militar, o prédio dos Correios e Telégrafos e a Companhia Telefônica. Neste dia, as tropas assumiram o governo de São Paulo e seguiram para o Rio de Janeiro para depor Getúlio Vargas. As forças paulistas esperavam o apoio de outros Estados, o que não ocorreu. Os cidadãos não só apoiaram a revolução como houve a adesão de muitos para o combate.
De Campinas partiram 2.000 soldados, sendo que 26 morreram. Campinas tinha localização estratégica por conta de seu tronco ferroviário e era um entreposto importante para o abastecimento das tropas.
Exatamente por isso, o Município foi bombardeado entre 15 e 29 de setembro. Um desses bombardeios matou o escoteiro Aldo Chioratto, então com 9 anos, num ataque na área central da cidade, próximo à Vila Industrial.
Mesmo que o Estado de São Paulo tenha perdido a luta armada, a Revolução de 32 teve frutos com a instituição de eleições, inclusive com o direito de voto estendido às mulheres, para a Assembleia Constituinte que proclamou a Constituição de 1934.
O Monumento aos Heróis de 32, que existe em Campinas, é uma obra de Marcelino Velez e foi inaugurada em 9 de julho de 1935, com recursos financeiros da iniciativa privada. O conjunto foi tombado e faz parte do patrimônio histórico da cidade. Nele, estão os restos mortais de voluntários campineiros que morreram em batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932.
Nos últimos anos, com o passar do tempo, esses ex-combatentes foram morrendo, num lento processo de sumiço dessa memória cultural, afetiva e histórica. Esse legado fica hoje para o trabalho e o esforço de seus parentes, memorialistas, historiadores e campineiros que desejam preservar fatos importantes da vida brasileira.