O principal negociador nuclear iraniano, Ali Bagheri, indicou nesta quarta-feira (3), antes da sua partida para Viena, onde vão ser retomadas as negociações indiretas com Washington para relançar o acordo nuclear de 2015, que “a bola está do lado dos Estados Unidos”.
Em mensagem publicada na sua conta Twitter, Ali Bagheri disse que viaja a Viena “para avançar nas negociações” mas acrescenta que “a responsabilidade recai naqueles que não cumpriram o acordo e não conseguiram distanciar-se do funesto legado do passado”.
“Os Estados Unidos deveriam aproveitar a oportunidade fornecida com generosidade pelos membros do JCPOA; a bola está do seu lado”, acrescentou Ali Bagheri, pedindo a Washington que “mostre maturidade e atue de modo responsável”.
O responsável iraniano fazia referência Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA), o acordo assinado em 2015 entre o Irã e cinco potências, e atualmente moribundo.
A partir de sexta-feira serão reiniciadas as conversações. O Irã está envolvido há mais de um ano em negociações diretas com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, e com os Estados Unidos indiretamente, para relançar o acordo designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA).
As negociações de Viena destinam-se a fazer os Estados Unidos regressar ao acordo – do qual se retiraram unilateralmente em 2018 – em particular através do levantamento das sanções contra o Irã e garantias do pleno respeito pelos seus compromissos.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que o país nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender.
No entanto, após a retirada unilateral dos Estados Unidos sob a administração do ex-presidente Donald Trump, e a reimposição de severas sanções econômicas, o Irã também começou a não respeitar os seus compromissos e iniciou uma aceleração gradual do seu enriquecimento de urânio.
A última medida do Irã ocorreu na segunda-feira passada, quando começou a injetar gás a 500 centrifugadoras avançadas, em reação às recentes sanções dos Estados Unidos contra seis companhias asiáticas por terem facilitado exportações de petróleo iraniano.
O atual presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou pretender um regresso ao acordo, mas as conversações estão num impasse desde março, quando as partes envolvidas pareciam estar perto de um compromisso.
(Agência Lusa)