Levantamento feito pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) mostra que prefeitos de capitais e de cidades populosas como Campinas sofreram forte pressão de vereadores e de câmaras municipais, para adotarem o chamado Kit Covid. De acordo com o levantamento – divulgado pelo UOL e confirmado pelo Hora Campinas – o movimento se deu tanto em capitais como Porto Alegre, Curitiba, Rio Branco ou Recife, como em municípios de grande e pequeno porte. Na região, além de Campinas, a FNP identificou pressão também na cidade de Holambra, Há registros de fenômeno semelhante em outras cidades do Interior paulista, como São Carlos, Presidente Prudente ou Santa Fé do Sul.
A pressão aparece, segundo os dados da FNP, em cidades na região sul do País, como Santa Maria-RS, Água Doce-SC e Ponta Grossa-PR ou em cidades mineiras como Pedro Leopoldo e Leopoldina. No levantamento, a FNP diz que a pressão surgiu de várias formas – em alguns lugares apenas como uma indicação, mas em outros, até projetos foram criados.
Em Campinas, a pressão se deu por meio de um grupo de vereadores, que se juntou a empresários e médicos
Em Campinas, a pressão se deu por meio de um grupo de vereadores – que se juntou a empresários do setor farmacêutico e médicos – para a implantação na cidade do que chamaram de “Acolhimento Precoce” – um sistema de atendimento a pacientes Covid que prevê a administração de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e outros – cuja comprovação para esse tipo de tratamento não é comprovada. O grupo chegou a ter uma audiência com o prefeito Dário Saadi (Republicanos) sobre o assunto.
O vereador Marcelo Silva (PSD) apresentou um projeto de lei que prevê o “tratamento precoce”. O presidente da Casa, vereador José Carlos Silva (Solidariedade), por sua vez, chegou a promover uma audiência pública para debater a adotação do tratamento. E convidou prefeitos de cidades onde o procedimento teria sido adotado com sucesso, como Porto Feliz-SP, Porto Seguro-BA e Chapecó-SC.
Foram convidados para o debate os prefeitos de São Lourenço-MG, o secretário municipal de saúde de Campo Grande-MS, além do presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto. Só o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, participou do debate, feito por videoconferência.
Ele fez a defesa do tratamento, defendeu o presidente Jair Bolsonaro e atacou gestores que, segundo ele, têm medo da “grande imprensa” e por isso não adotam o tratamento.
Prefeito de Campinas adiantou que não vai adotar o chamado tratamento precoce
O prefeito de Campinas garante que o tratamento não será adotado na cidade. Em entrevista coletiva, o secretário de Saúde, Lair Zambon, citou estudos de organismos internacionais e disse que remédio como cloroquina não apenas não ajuda no tratamento, como pode contribuir para o aumento nos casos de morte. “O tratamento precoce não será adotado na cidade”, decretou ele.
Holambra
Listada no levantamento da FNP, Holambra registrou o caso do vereador Aparecido Lopes da Silva Lima (PTB), que fez uma indicação para a distribuição do Kit Covid para familiares de pessoas diagnosticadas com a Covid-19. Medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina estavam na lista de distribuição sugerida pelo parlamentar.