Na balança do tempo, qual o peso da memória e das lembranças? Um grama de alívio ou uma tonelada de sofrimento? Quem se atreve a revivê-las, reinterpretá-las ou esquecê-las? Essas e outras questões permeiam o espetáculo Kintsugi, 100 memórias, que integra o repertório artístico do Lume Teatro (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais – Unicamp), referência internacional de companhia teatral. A montagem fica em cartaz de sexta-feira (2) a domingo (4), às 20h, na Sede do Lume Teatro, em Barão Geraldo, em Campinas.
Vale destacar que a temporada faz parte do Ciclo 1 | Lume em Casa, que integra o projeto Atuação e Presença contemplado pela Lei Paulo Gustavo (Edital LPG nº 18/2023 – Manutenção de Atividades). Realizada pelo Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura e Economia e Indústrias Criativas, a iniciativa abre a celebração de 40 anos de fundação do Lume Teatro, que acontecerá em 2025.
Criado pelos atores-pesquisadores Ana Cristina Colla, Jesser de Souza, Raquel Scotti Hirson e Renato Ferracini, o espetáculo Kintsugi, 100 memórias tem a direção do argentino Emilio García Wehbi, com dramaturgia do carioca Pedro Kosovski, desenho sonoro de Janete El Haouli e José Augusto Mannis e orientação coreográfica de Jussara Miller.
Kintsugi, 100 memórias é uma proposta cênica que, partindo dos limites da teatralidade e de modo fragmentário, tenta se aproximar de uma ideia de memória não linear nem bucólica, mas sim uma memória que apresenta o gesto da vontade no ato de lembrar.
Para o elenco do espetáculo, que estreou em 2019, a memória não é nem monumentalista nem autocomplacente, mas sim um exercício do presente para revisitar as crises passadas, os erros cometidos, as cicatrizes – pessoais e coletivas – que a história deixa e, assim, corrigir o futuro. É o reencontro com a dor como ato de superação.
“Partimos em busca de uma memória específica: as lembranças das sombras, aquelas memórias, sejam elas pessoais, do Lume Teatro ou sociais, que se fundem com uma vontade de esquecimento. E assim tratamos o Alzheimer mais como metáfora do que como patologia, e mergulhamos em nossas sombras pessoais, grupais, sociais para que pudéssemos compor uma obra de autoficção, ao mesmo tempo simples, direta e política, baseada numa singularidade que deseja se coletivizar”, destaca o ator-pesquisador Jesser de Souza.
Em termos cênicos, o espetáculo busca, a partir da exibição de cem memórias, apresentar ao público uma dramaturgia autoficcional desconstruída de maneira não narrativa que transita perifericamente pela história dos intérpretes, suas histórias em grupo e, como projeção, pela história dos espectadores.
SERVIÇO
O quê: Lume em Casa | Agosto | Kintsugi, 100 memórias
Quando: Sexta-feira (2/8), sábado (3/8) e domingo (4/8), às 20h
Onde: Lume Teatro (Rua Carlos Diniz leitão, 150 | Vila Santa Isabel | Barão Geraldo | Campinas/SP).
Quanto: Entrada franca (os ingressos serão distribuídos uma hora antes da apresentação).
Informações: @lumeteatro