Morreu na manhã desta segunda-feira (12), aos 101 anos, Justino Alfredo, o último pracinha campineiro. Integrante do grupo de soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial, ele estava internado havia uma semana no Hospital Vera Cruz. O velório está marcado para às 8h30 desta terça-feira (13), na Capela do Cemitério Flamboyant. O sepultamento deve ocorrer às 9h30.
De acordo com Francisco de Assis Ferreira, genro de Justino, ele faleceu às 7h30 da manhã, por falência múltipla de órgãos. “Ele tinha uma baixa função renal, por exemplo, isso foi prejudicando outros órgãos. Ele brincava que os órgãos se gastam, mas, não têm reposição”, diz.
Há pouco mais de 30 dias, o veterano tinha se recuperado da Covid-19. “Ele era muito forte, nem precisou de internação. Se recuperou da Covid em casa. Nossa brincadeira em casa era que se nem Hitler tinha parado ele, não seria a Covid que iria pará-lo”, conta.
No começo de julho de 1944, Alfredo, junto dos demais soldados, saiu da Vila Militar, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e foi levado de trem até a Zona Portuária e, sem aviso, embarcou no USS General W. A. Mann (AP-112), o imenso navio de transporte de tropas americano, que levou o Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira. Só desembarcou 15 dias depois, em Nápoles, na Itália.

Aquele soldado, em dois anos de batalha, sobreviveu a uma série de intempéries, inclusive o frio extremo, que lhe causou um problema de circulação sanguínea nas pernas.
As armas levadas pelos brasileiros eram ultrapassadas e os uniformes não davam conta do Inverno rigoroso da Itália. Aqueles soldados precisaram contar com a ajuda dos americanos, que além de roupas adequadas, também cederam armas mais modernas, como o fuzil semiautomático M1 Garand.
Justino ajudou a salvar companheiros atingidos por granadas e até uma família italiana que passava fome por causa da guerra, usando parte de sua própria alimentação. A situação da sua circulação foi se complicando, com grande inchaço nos pés. Ao ponto de não conseguir acompanhar a tropa. Foi tratado por uma enfermeira de nome Jane, a quem homenageou dando o mesmo nome à filha, mais tarde.
Para evitar a amputação dos membros inferiores por conta do clima gélido, foi enviado para Dakar, no Senegal. O clima quente daquele país africano ajudou em sua recuperação. Em seguida foi trazido de volta ao Brasil.
Dos mais de 230 expedicionários de Campinas, era o último vivo. Ele deixa quatro filhos: Jane, Elisabeth, Guaraci e Guacyro. “Dos que ajudaram a construir o estádio da Ponte Preta ele também era o último vivo. O primeiro jogo da Ponte que ele assistiu, ele tinha 7 anos. A ponte jogava no campo na Júlio de Mesquita, no Cambuí, onde hoje é o colégio Progresso”, afirma o genro.
Centenário
Justino completou 100 anos no dia 24 de setembro de 2019. Na ocasião, recebeu homenagem e festa no Largo do Pará. Foi saudado por uma apresentação da Banda de Música da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) no coreto da praça. A homenagem partiu da Associação dos Expedicionários Campineiros (AExCamp) e pela Associação dos ex-integrantes do Tiro de Guerra de Campinas com apoio do EsPCEx.
Justino morava na região e toda manhã caminhava pela praça, quando viu uma aglomeração, se aproximou para saber do que se tratava e ficou emocionado com a surpresa, que além do bolo, contou com o Toque de Corneta de Presença de Ex-combatente e com a música dos ex-combatentes.