Estudo “Perfil Racial da Imprensa Brasileira”, apresentado nesta semana na programação da Semana da Consciência 2021 da Universidade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, mostrou que, branca (como esperado) e masculina (nem tanto assim), a imprensa brasileira está longe de manter equidade com o perfil racial e de gênero da população do Brasil.
Se não havia dúvida da branquitude da imprensa brasileira, a certeza agora tem números: apenas 20,10% dos jornalistas das redações do País declaram-se pretos e pardos (negros), número quase dois terços menor do que a efetiva representação da população negra do Brasil, que é de 56,20%, segundo projeções da PNAD/IBGE 2019.
Já os que se autodeclaram brancos são impressionantes 77,60%, com 2,10% de amarelos e 0,20% de indígenas.
E se havia alguma perspectiva de que essa mesma imprensa fosse ou estivesse a caminho de uma presença feminina paritária com a masculina, os números mostram que estamos distantes disso: as mulheres, que são 51,80% da população brasileira, segundo a mesma PNAD/IBGE, encolhem para 36,60% no jornalismo, bem abaixo dos 63% de homens − 0,40% não se reconhecem em nenhum dos dois gêneros.
O Hora Campinas participou da pesquisa por meio de um de seus editores. No portal de notícias, lançado em março último, o resultado da pesquisa se reflete na equipe e no time de colaboradores. Dos oito profissionais envolvidos diretamente na produção jornalística, um membro da equipe é negro e duas são mulheres. Há cinco homens brancos no time.
Considerando a equipe de articulistas fixos, ela é predominantemente branca e masculina.
O Hora Campinas convidou o jornalista Francisco Lima Neto, repórter multimídia do portal, para avaliar a pesquisa e falar um pouco a respeito do racismo estrutural brasileiro. Lima Neto é também autor de livros que valorizam o protagonismo negro, jogando luz em personagens com histórias de resistência e superação. Veja o vídeo abaixo: