A “fumaça branca” foi vista no Paço Municipal nesta terça-feira, brincou a secretária municipal de Cultura sobre a escolha do novo maestro da Sinfônica Municipal de Campinas. O nome de Carlos Prazeres foi escolhido e chancelado pelo prefeito Dário Saadi (Repub), num processo guardado a sete chaves e aguardado com muita expectativa pela classe artística e pelos amantes da cultura e da música clássica.
Saadi não ratificou o “pontífice” musical, mas o regente que conduzirá uma das orquestras mais prestigiadas do País. O processo de escolha envolveu, no início, um movimento de acadêmicos e literários a favor do nome do maestro Júlio Medaglia. A campanha visava emplacar o substituto de Victor Hugo Toro, que deixou a regência titular no último dia 31 de dezembro, após dez anos no cargo.
O movimento exaltava as qualidades de Medaglia e enumerava argumentos que, na visão dessa campanha, beneficiariam a orquestra e a cidade de Campinas como polo cultural. Desde janeiro esse tema vinha rondando as conversas dos agentes culturais e dos apreciadores da Orquestra.
Mas Dário deixou claro, já no início do processo de escolha, que respeitaria a vontade dos músicos do colegiado, que haviam indicado cinco nomes para serem avaliados. Foi em cima desses nomes que Dário se debruçou. Um deles declinou, restando quatro. No fim, foi avaliada uma lista tríplice. Desse processo participou ativamente a secretária municipal de Cultura.
Nesta quarta-feira, um dia depois da revelação do nome de Carlos Prazeres, Alexandra Caprioli publicou em sua rede social a carta que Dário Saadi enviou aos músicos da OSMC e a todos os maestros envolvidos no processo.
“Através dessa carta enviada a todos os maestros participantes dessa lista tríplice vai o nosso mais caloroso agradecimento pela forma como nos mostraram suas competências em todo o processo vivido esses meses de forma intensa, sabemos que foram indicados por terem todos um curriculum invejável e serem extremamente competentes e qualificados”, escreveu Alexandra.
“Um pedido especial à cidade: que possa acolher o novo maestro e que ele com sua liderança possa guiar a orquestra aos braços do público. Aos músicos da Sinfônica, comissão artística e associação, nosso agradecimento pela confiança, resiliência e apoio nesse processo”, finalizou a secretária.
♦ Veja a carta na íntegra
À Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica e aos Senhores Maestros Alessandro Sangiorgi, Bruno Borralinho, Carlos Prazeres e Enrique Diemecke
Coube a mim, como prefeito de Campinas, dialogando com as diferentes entidades da Cultura, a árdua tarefa de escolher o nome de nosso novo regente após indicação de lista tríplice feita pela Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica. Tem sido um processo dificil justamente porque nos deparamos com indicações de nomes extremamente qualificados de reconhecimento nacional e internacional para ser o próximo Regente.
Por tratar-se da nossa Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, o orgulho de todos os campineiros, o patrimônio e símbolo de uma cidade que acredita na arte e na música como forma suprema do desenvolvimento humano e que, ao longo dos últimos anos, vem tocando os corações de toda a cidade pelas mãos de inúmeros regentes que construíram essa história, como o saudoso Benito Juarez e, nos últimos 10 anos, Victor Hugo Toro.
O que nos alegra é pensar em uma orquestra que, apesar de já ser uma senhora” com seus 92 anos, ainda precisa se reinventar e estar sempre conectada com o futuro, sendo um ícone cultural da cidade que permaneça por gerações e gerações, para que os filhos de nossos filhos ainda possam se orgulhar dela.
Dessa forma, cada decisão pode levar a orquestra por diferentes caminhos e, neste momento, a escolha reflete nossa vontade de, ao estarmos retomando a vida cultural da cidade, possamos ter um regente que a leve à modernidade sem perder a tradição; a leve ao popular, sem perder o erudito; que nos faça relembrar que somos a terra de Carlos Gomes.
Afinal, a Orquestra também tem que cumprir um papel social e emocional conectando todos os cantos da nossa cidade, e fazendo com que cada cidadão se sinta a ela pertencente.
Endosso uma palavra de carinho e admiração pelos Maestros que participaram desse processo nos últimos meses e que nos mostraram que foram acertadamente indicados pela Associação através de seus Músicos por sua qualificação e competência, e todos revelaram terem condições de assumir essa responsabilidade com louvor.
No entanto, é impossível termos todos conosco nesse momento, e uma decisão se faz necessária. Sendo assim, anuncio que nosso próximo Regente Titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas será o Maestro Carlos Prazeres.
Desde já agradecemos a todos os indicados, estendendo nosso convite para que possam vir como convidados reger a Orquestra Sinfônica de Campinas num futuro próximo.
E peço ainda a Campinas que receba e acolha nosso novo Regente Titular de braços abertos, pois desejamos que ele nos encante por meio de sua liderança à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.
Saudações aos músicos da ilustre Orquestra pelos quais tenho respeito e admiração, pela resiliência e colaboração. Desejamos que esse momento seja um arroubo de esperança de um futuro tão grandioso como foi sua tradição do passado.
Que venham novos tempos.
Dário Saadi
Prefeito Municipal de Campinas
Alexandra Caprioli
Secretária de Cultura e Turismo
Quem é Carlos Prazeres
O carioca Carlos Prazeres, de 48 anos, é o novo maestro da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. A apresentação do novo maestro deverá ocorrer ainda esta semana. Um dos mais requisitados maestros brasileiros de sua geração, desde 2011 é regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia. Ele trabalhou durante oito anos como regente assistente de Isaac Karabtchevsky na Orquestra Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro.
Durante dez anos, a Sinfônica de Campinas foi regida pelo maestro Victor Hugo Toro, que se despediu em dezembro passado. Em 2021, Toro comunicou que deixaria a orquestra, apesar do convite da Prefeitura para permanecer no posto.
Prazeres foi escolhido pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi, e pela secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli. A sua escolha foi endossada após o envio de uma lista com quatro candidatos pela Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica. Os demais indicados foram Alessandro Sangiorgi, Bruno Borralinho e Enrique Diemecke.
Sobre Carlos Prazeres
Carlos Prazeres estudou regência com I. Karabtchevsky, graduou-se em oboé na UNI-Rio sob a orientação de Luis Carlos Justi e foi bolsista da Fundação VITAE durante seus estudos de pós-graduação na Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim/Fundação Karajan, sob a orientação de Andreas Wittmann.
Em sua trajetória, ele já dividiu o palco com artistas consagrados como Antonio Meneses, Nelson Freire, Heléne Grimaud, Ilya Kaler, Gil Shaham, Maxim Vengerov, Ramón Vargas, Peter Donohoe, Jean-Louis Steuerman, Fábio Zanon, Augustin Dumay, entre outros.
Convidado pelo maestro Wagner Tiso para atuar como maestro de sua série MPB & JAZZ, passou a desenvolver uma extensa atividade na música popular e acompanhou artistas como Gilberto Gil, João Bosco, Ivan Lins, Stanley Jordan, Milton Nascimento, Hamilton de Holanda, Yamandú Costa, entre outros.
Como maestro convidado, Prazeres dirige com frequência importantes conjuntos sinfônicos, como a Orchestre National des Pays de la Loire, Sinfônica de Roma, Orquestra da Arena de Verona, Sinfônica Siciliana, Orquestra Cherubini, Orquestra Internacional do Festival de Riva del Garda, Youth Orchestra of the Americas, Junge Philharmonie Salzburg, Filarmônica de Montevideo, Filarmônica de Bogotá, Filarmônica de Buenos Aires do Teatro Colón, Filarmônica de Mendoza, Orquestra do Instituto Politécnico do México, OSESP e Filarmônica de Minas Gerais, dentre outras.