Um grupo de pesquisadores de diversas áreas, entre eles da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encaminhou à CPI da Covid instalada no Senado, um documento em que chama a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia do coronavírus como “desgoverno”.
Dividido em seis eixos, o documento apresenta dados e detalha informações a respeito da postura adotada por órgãos da administração federal e que teria contribuído para a escalada da pandemia do coronavírus e para as crises econômica e social no País.
O documento foi chamado de “A tragédia brasileira do coronavírus/covid-19: Uma análise do desgoverno do governo federal, 2020-2021”
Chamado de “A tragédia brasileira do coronavírus/covid-19: Uma análise do desgoverno do governo federal, 2020-2021” – o documento analisa a resposta política da Presidência da República frente à pandemia, observando a postura de Bolsonaro e a relação do Executivo com os outros poderes, estados e municípios.
Trata também da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e poder Judiciário como garantidores do que prevê a Constituição; da resposta dada pelo Legislativo ao criar a CPI e as questões relacionadas ao orçamento federal para o combate à pandemia e para o auxílio de trabalhadores e empresas.
O documento discute ainda, o papel desempenhado pelos ministérios da Saúde e das Relações Exteriores.
O documento expõe dados a respeito da redução do orçamento federal para a saúde desde 2014 e da lentidão na liberação de recursos para o combate à pandemia ao longo de 2020.
O material avalia como negativas as posturas adotadas pelo Ministério das Relações Exteriores, que teriam prejudicado a aquisição de insumos e vacinas
O material ainda avalia como negativas as posturas adotadas pelo Ministério de Relações Exteriores que, dizem os pesquisadores, prejudicaram o contato do país com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a aquisição de insumos para a produção de vacinas contra o coronavírus.
O documento tem a autoria de Claudio Dedecca, economista e professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, juntamente com Ligia Bahia (médica especialista em saúde pública). Conta ainda com as contribuições do jornalista Jamil Chade e do sociológo José Maurício Domingues. Tem também a assinatura de Guilherme Leite Gonçalves (sociólogo do direito), Monica Herz (cientista social), Leva Lavinas (economista), Carlos Ocké-Reis (economista), María Elena Rodríguez Ortiz (advogada e socióloga) e Fabiano Santos (cientista político).
Segundo Claudio Dedecca, o grupo já mantinha proximidade por conta da vivência acadêmica e vinha discutindo os temas abordados pelo estudo há cerca de dois meses.
“A estruturação do documento e sua produção rápida foi estimulada pela CPI. Quando ficou evidente que ela iria ocorrer, nos organizamos para produzi-lo e entregá-lo. Esse é nosso papel como acadêmicos, colocar nosso conhecimento a serviço da sociedade. Nesse momento, a sociedade se manifesta por meio da CPI”, explica o professor.