Nem todos acreditam que vacina boa é vacina no braço. Embora não consiga estimar a proporção, Andrea Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas, reconhece que são muitos os indicativos da intenção de moradores da cidade de escolher a marca do imunizante contra a Covid que irão tomar. O mesmo ocorre em São Bernardo do Campo, que decidiu agir. A partir desta quinta (1), a pessoa que se recusar a tomar a vacina disponível onde se cadastrou assinará um termo de responsabilidade que a colocará no fim da fila da vacinação.
“Temos visto muito na nossa prática. São muitos telefonemas lá no departamento de vigilância, muitos pedidos pelo 160, muitas chegadas ao centro de imunização em que a pessoa, ao ver a vacina, fala que aquela ela não quer, pedidos à ouvidoria, cartinhas de médico contraindicando uma vacina e indicando outra”, relata Andrea, sobre a escolha da marca do imunizante contra a Covid.
Segundo ela, a preferência por marca tem tomado uma proporção importante em Campinas. “O grande problema disso é que vacina boa é a que está disponível e a que a gente vai tomar no menor período de tempo. A partir do momento que a gente abre mão de uma vacina por uma escolha, você está tirando a oportunidade de se imunizar, se colocando em risco de pegar Covid e de transmitir”, alerta a diretora do Devisa.
Levantamento da Prefeitura indica que apenas 0,4% das pessoas agendadas para a segunda dose em Campinas não comparecem na data marcada. Não há dados sobre as faltas da primeira dose. “Todas as vacinas são coletivamente muito boas, todas foram aprovadas, não há como fazer uma comparação entre elas, principalmente por leigos, porque os grupos populacionais testados nesses imunizantes são heterogêneos. Mesmo que fique a impressão de que essa vacina respondeu mais do que aquela, isso não é individual, é uma resposta do coletivo dos testes”, detalha Andrea.
A decisão de São Bernardo do Campo de mandar para o final da fila as pessoas que se recusam a receber determinado imunizante foi tomada após o município verificar que em um único dia, terça-feira (29), 200 pessoas desistiram de se imunizar porque não receberiam a marca de vacina desejada. Essas 200 vagas em aberto não só atrasam a campanha de imunização como prejudicam os que não se importam com o tipo do imunizante contra a Covid que vão receber.
Questionada sobre a legalidade da decisão de São Bernardo, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou, por meio da assessoria de imprensa, que os municípios têm autonomia para conduzir a imunização, desde que respeitando o Plano Nacional de Imunização, o que ocorre na cidade.
“Escolher vacina em Campinas não é permitido. A pessoa está perdendo a oportunidade de se imunizar achando que num outro momento vai conseguir uma outra vacina e pode ser que ela não tenha essa oportunidade”, observa Andrea. “Nós conhecemos pessoas com recusa e que um tempo depois adoeceram. A gente tem de tomar cuidado com esse tipo de coisa.”
500 mil imunizados
Campinas ultrapassou nesta quinta-feira (1) a marca de 500 mil pessoas vacinadas contra a Covid-19 na primeira dose. O número total é de 504.870 pessoas vacinadas com a primeira dose, o que representa 54,7% dos 922.781 moradores da cidade acima de 18 anos.
“Esse é um número muito importante e mostra que intensificamos o enfrentamento ao vírus de uma forma bem mais robusta”, disse o secretário de Saúde Lair Zambon.