“Se conselho fosse bom não era dado, mas sim vendido!”. Quem nunca ouviu essa frase? Será que a prática de aconselhar ainda continua sendo tão malvista assim? E se continua, o por quê continua? Haveria um jeito mais apropriado de aconselharmos? É sobre isso que iremos refletir hoje, me acompanhe nessa jornada.
Creio que aconselhar vai muito além de falar, dar dicas, expressar sua opinião, penso que aconselhar perpassa por três habilidades-chave, e digo habilidades, pois essas podem ser aprendidas. São elas: Saber ouvir; aproveitando que temos dois ouvidos e uma só boca; segunda habilidade: Saber fazer boas perguntas, elas são a chave para extrair a resposta que na maioria das vezes a própria pessoa já tem; terceira habilidade: saber enxergar o que não está sendo dito, a famosa linguagem corporal, ou linguagem não verbal da PNL (Programação Neurolinguística).
Sócrates, filósofo grego, poderia ser considerado o primeiro grande conselheiro, pois adotava uma postura bastante curiosa.
Ele fazia perguntas inteligentes, inclusive devolvia as perguntas que a ele eram feitas, quer um exemplo? Se alguém pergunta-se à ele: “Sócrates estou em dúvida no que eu deveria fazer… O que você acha?”. Certamente Sócrates responderia algo como: “Ora o que você acha que deveria fazer?”. Seria um Sócrates meio Coach? No Coaching costuma-se também devolver as perguntas explorando prós e contras das possíveis decisões. É uma belíssima metodologia na qual eu também possuo formação e dela faço uso com amigos, conhecidos, alunos.
A maioria das pessoas são especialistas em falar, se apressam em dar suas opiniões sem antes buscar entender o contexto. Que tal trocar a resposta pronta pela pergunta que vale a pena?
Exercite o hábito de ouvir para saber fazer boas perguntas, exercite também o hábito de enxergar o que não está sendo dito. Nosso corpo é inteligente, ele também fala. Segundo a PNL, 55% da nossa comunicação diz respeito à linguagem não verbal. Quer um exemplo? A pessoa diz estar feliz, mas enquanto fala faz um sinal de negação com a cabeça.
Preste atenção nas expressões faciais, braços, mãos, pernas, tronco, pois tudo isso lhe ajudará a perceber incongruências na história que a pessoa lhe conta e será de suma importância na hora de você dar sua devolutiva, seu conselho.
A palavra tem poder, é tão fácil derrubar ou destruir alguém com fofocas, palavrões, humilhações, mas ela também é capaz de reerguer alguém que estava ‘caído’ emocionalmente. Fui descobrir ontem que o aconselhamento, para os católicos, é um Dom do Espírito Santo, que deveria ser solicitado sempre que necessário para se obter melhores resultados em seu ato.
Seguindo as três habilidades que eu citei de Ouvir, fazer Boas Perguntas e Enxergar o não dito, eu sou prova viva de que isso funciona, pois recorrentemente sou tachado de um ‘excelente’ professor por alunos que desabafaram comigo e eu simplesmente os ouvi, as pessoas estão carentes por quem as ouça. Na área de palestrante também recebi grandes elogios apenas por fazer perguntas provocantes, aquelas que levam o ouvinte a reflexão, sem necessariamente eu lhes apresentar respostas prontas e engessadas.
Outro aspecto interessante associado ao ato de aconselhar, como mencionei anteriormente, está ligado à arte de saber ouvir e o curioso é que em pesquisas sérias feitas por empresas especializadas, o medo número um do ser humano é o medo de falar em publico, que supera o medo da morte.
Pois bem, dito isso, o curioso é que muitas pessoas pagam um alto valor por cursos de Oratória, isso mesmo, cursos para aprender a falar em público. Eu confesso que já fiz, pois já estava incluso nas minhas formações em PNL que já havia pago, mas e cursos de ‘Escutatória’? Estes eu nunca vi!
É claro que cursos de escutatória não existem, mas fica a provocação: quando você vai parar para se especializar em ouvir, prestar atenção no que não está sendo dito e fazer boas perguntas? Um forte abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)