A cidade de São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira, tem diversos atrativos naturais, que propiciam imersão na natureza e turismo de aventura. A cultura local também tem se sobressaído e os mosaicos se tornaram uma das características do Município. São Bento abriga dois artistas expoentes nessa arte: Ângelo Milani e Antônio Ferreira dos Santos, conhecido como Nico Ferrera.
Ângelo é pintor e escultor e já recebeu o prêmio em pintura da Fundação Mokiti Okada. Participa de significativas exposições de arte, no Brasil e no exterior. Seu trabalho integra o acervo de museus nacionais e internacionais. Há anos desenvolve uma poética visual baseada em linguagem plástica contemporânea, que se situa nos limites entre a figuração e a abstração.
Nos últimos anos, de forma mais intensa, tem se dedicado também a arte no espaço público e instalações. Desde que se mudou para São Bento do Sapucaí, anos atrás, Ângelo promoveu a instalação e criação dos muros de mosaico da E.E Dr. Genésio Cândido Pereira, em um projeto com alunos da instituição.
O artista fez também a instalação em mosaico da Capela de sua propriedade juntamente com sua esposa Claudia Villar (in memorian). A construção da capela é do começo do século 20, mas só ganhou destaque e virou ponto turístico, a partir de 2008, quando o casal passou a decorá-la com mosaicos e imagens religiosas- a maioria quebrada- que eram deixadas por lá. A decoração da capela, contudo, pode ser considerada ecumênica, já que congrega símbolos de diversas tradições religiosas.
“Aqui tem de tudo, tem santos, tem orixás, símbolos de religiões afro, tudo misturado. É algo mais artístico que religioso, por isso, dificilmente eu trabalharia em uma igreja, porque não teria liberdade. Aqui todas as imagens quebradas que as pessoas deixavam ou deixam aqui na porta, viram peça de arte”, explica Ângelo.
Ângelo aplicou a técnica artística em diversos pontos da cidade e também a ensinou para várias pessoas. “Vejo que diversas cidades têm coisas características. Eu quis criar algo aqui também, pelo qual a cidade pudesse ser conhecida ou reconhecida”, diz. A capela, apesar de ser particular, fica aberta o dia todo para visitação gratuita.
Outro artista local que faz bastante sucesso é Nico Ferrera. Autodidata, aprendeu a técnica do mosaico ainda aos 6 anos. Conciliando trabalho e lazer, vive totalmente se sua arte e faz viagens planejadas para diferentes partes do mundo, buscando inspiração. Gosta de lugares com arquitetura antiga, como as regiões de Paraty, Ouro Preto, Veneza.
Cria suas peças e deixa a imaginação tomar forma em belos vasos, porta-chaves, quadros, entre outros. É o autor de todos os desenhos de suas obras, mas em caso de encomenda, pode fazer releituras. Trabalha com diferentes materiais, como azulejos, madeira e porcelana.
Existem peças que são mais procuradas em seu ateliê, como os números de casa e espelhos decorados com mosaico. Nico fica apaixonado pelos trabalhos, alguns mais outros menos, mas cada experiência é única pra ele. Gosta de criar peças que necessariamente não são apenas feitas com mosaico quebrado, embora seja seu preferido. Usa azulejos cortados em “fitas” ou mesmo em forma de pastilhas.
A forma reta aumenta a dificuldade para contornar o desenho e não permite a mobilidade proporcionada pelo mosaico quebrado. Portanto são trabalhos mais difíceis, pois as suas formas têm de ser seguidas e respeitadas, enquanto o quebrado dá liberdade para fazer o que quiser.
Confira o roteiro de algumas das obras em mosaico na cidade:
Capelinha de Mosaico, Rua 13 de Maio N° 217- Centro. Descritivo: Pequena capela de Santa Cruz revestida em mosaico pelos artistas plásticos Ângelo Milani e Claudia Villar.
Escola Dr. Genésio Cândido Pereira, Praça General Marcondes Salgado, 57 – Centro. Descritivo: Muro revestido em mosaico pelos alunos da escola, formando assim desenhos e poesias.
Casa da Cultura Miguel Reale, Rua Sargento José Lourenço, 105, Centro. Aplicação de mosaicos na área externa.
Recanto São Benedito, Rua Joaquim da Costa Manso Neto, 920 – Bairro da Fervura. Descritivo: Parede no jardim interno com mosaico representando o Espírito Santo feito por artistas do Município.
Estações da Via Sacra do Morro do Cruzeiro. Descritivo: 14 capelinhas em mosaico. Via Sacra do Morro do Cruzeiro que inicia na Rua Pereira Alves dando continuidade na Rua Presidente Castelo Branco até chegar ao Mirante do Cruzeiro.
Esculturas em Madeira
São Bento do Sapucaí tem ainda uma joia muito bem guardada: Benedito da Silva Santos, o Ditinho Joana (foto acima), que mantém seu ateliê no bairro do Quilombo. Ele é um renomado artista, reconhecido internacionalmente por suas esculturas esculpidas em peças únicas de Jacarandá.
O ex-lavrador, atualmente com 75 anos, iniciou o trabalho de escultor em 1974, quando encontrou uma raiz em que identificou várias formas de bichos, como girafa, gato, cavalo e cachorro. Essa raiz foi a inspiração que o fez começar a esculpir em madeira.