O FBI, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, afirmou neste domingo (16) que o homem que manteve reféns durante horas numa sinagoga do Texas estava focado numa questão específica e não na comunidade judaica.
Um homem fez no sábado (15) quatro reféns na sinagoga da Congregação Beth Israel, no Texas. A operação durou mais de seis horas. O sequestrador exigia a libertação da sua irmã, uma neurocientista paquistanesa, suspeita de ter ligações a um grupo extremista islâmico, condenada por tentar matar militares norte-americanos e agentes do FBI enquanto se encontrava sob custódia no Afeganistão. O sequestrador foi morto pelas autoridades.
O agente especial do FBI Matt DeSarno, que coordena o caso, adiantou não haver indicação imediata de que o homem estivesse incluído num plano mais amplo de ataques, mas admitiu que a investigação da agência “terá alcance global”. O presidente dos EUA defendeu ser necessário denunciar “o antissemitismo e ascensão do extremismo” no país, apesar de ainda aguardar detalhes sobre a motivação do sequestrador.
“Estou grato face ao trabalho incansável das forças de segurança, a todos os níveis, que agiu de forma cooperativa e corajosa para resgatar os reféns. Camos enviar amor e força aos membros da Congregação Beth Israel, Colleyville, e à comunidade judaica”, afirmou Joe Biden no sábado à noite.
O caso levou a uma maior proteção policial em várias sinagogas e instituições judaicas nas principais cidades nos Estados Unidos, tais como Dallas, Nova Iorque e Los Angeles, para detectar qualquer possível ameaça antissemita.
A cientista paquistanesa cuja libertação foi exigida pelo sequestrador tem 49 anos e chama-se Aafia Siddiqui. Cumpre pena de 86 anos de prisão num hospital-prisão em Fort Worth, perto de Dallas, nos Estados Unidos. A sua libertação já tinha sido exigida por movimentos ‘jihadistas’
Formada nos Estados Unidos, Aafia Siddiqui foi a primeira mulher a ser suspeita de ter ligações à Al-Qaeda nos Estados Unidos. Aafia Siddiqui viajou para os Estados Unidos aos 18 anos, tendo ido morar com o irmão, e foi estudar na prestigiada universidade MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), em Boston, obtendo depois um doutoramento em neurociência pela Brandeis University.
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, Siddiqui foi procurada pelo FBI na sequência das suas doações a organizações islâmicas e ligação à compra de óculos de visão noturna e livros de guerra, no valor de 10 mil dólares.
Os Estados Unidos suspeitam que a cientista paquistanesa se juntou à Al-Qaeda nos Estados Unidos e depois regressou ao Paquistão, onde se casou com um membro da família de Khalid Sheikh Mohammed, um dos mentores dos ataques de 11 de setembro de 2001.