Há aproximadamente quatro anos, Adélio Bispo esfaqueou o candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, atingindo-lhe gravemente o abdômen. Há três anos, a Justiça o considerou portador de transtorno delirante permanente paranoide; por isso, foi considerado inimputável. Em palavras simples, era maluco e não podia ser punido criminalmente. Agora, Adélio passa por perícia psiquiátrica que pode levá-lo a ser solto. Se o laudo concluir que ele desmaluqueceu, pode sair livre.
Tente uma pessoa normal esfaquear alguém na multidão, ainda mais um candidato. Será presa, julgada, irá para o xadrez. Mas, sendo maluco, fica num hospício até desendoidar. Aí pode ir para casa.
Entretanto, o caso Adélio não é o único que parece coisa de doido. Ciro Nogueira, chefe do Centrão, ministro-chefe da Casa Civil e, como operador do orçamento secreto, o presidente de fato da República, andou atacando os banqueiros. Inacreditável.
Em seis mensagens, disse que os banqueiros só criticam o Governo porque Bolsonaro deu independência ao Banco Central – como se hoje em dia, após a independência do BC, os banqueiros tenham perdido a influência. Engraçado: não é bem isso que a gente nota.
Melhor ainda é uma frase de Ciro Nogueira segundo a qual os banqueiros hoje podem assinar cartas, “inclusive contra o presidente da República”, em vez de se calarem “com medo dos congelamentos de câmbio do passado”. Pois é: em 1964 houve farta entrega de malas. O dinheiro era a mensagem.
Simone, bem de audiência
Os dados são do excelente colunista Lauro Jardim, de “O Globo”. Durante a entrevista ao vivo de Simone Tebet, na estreia da Central das Eleições, a pré-candidata do Centro fez sucesso. A GloboNews teve 80% a mais de audiência do que a soma de todos os concorrentes na TV por assinatura (CNN, Band News, Record News e Jovem Pan).
A audiência da GloboNews foi 47% maior que sua média para a faixa de horário, entre 19h e 22h23, em relação às últimas quatro segundas-feiras. Em São Paulo o sucesso foi ainda maior: 86% acima de todos os outros canais de notícias somados. São Paulo é o Estado com maior número de eleitores do país.
Perspectivas
E daí? Daí, por enquanto, nada. Simone Tebet teve audiência, repercussão boa entre os espectadores que comentaram a entrevista, mas para multiplicar suas intenções de voto para uns 30% é preciso fazer um trabalho impecável.
E fica difícil quando um bom pedaço de seu próprio partido, o MDB, está disposto a sabotar sua candidatura para apoiar Lula no primeiro turno.
A posição militar
Realiza-se agora a 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília. É uma reunião robusta: os EUA, que costumam enviar algum representante da Secretaria da Defesa, desta vez enviaram o secretário Lloyd Austin em pessoa, refletindo a posição do Governo americano de apoio ao resultado das eleições, sem mimimi de urna feia ou de ministro chato do STF.
Está marcada para amanhã (28) a assinatura que reafirma o compromisso de todos os participantes com a Carta da OEA, Organização dos Estados Americanos, firmemente contrária a golpes e ditaduras.
O representante do Brasil, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, disse ontem que respeita a Carta Democrática Interamericana. “Os povos da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la”, disse o general.
Os negócios
Fora a política, discute-se muito a compra de armas. Há possibilidades boas de venda do cargueiro KC 390 e do caça subsônico Super Tucano; e dos blindados Guarani. O ministro Paulo César se reúne separadamente com os representantes de dez países: Uruguai, Suriname, Paraguai, México, Haiti, Honduras, Estados Unidos, Equador, Argentina e Colômbia.
Porta-voz
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que é necessário que os militares estejam sempre sob firme controle civil. Aqui era assim, desde a criação do Ministério da Defesa: houve ministros como Raul Jungman, Nelson Jobim, Aldo Rebelo, Celso Amorim, sempre civis. Bolsonaro fez questão de entregar a pasta a militares.
A lei do ex
Política às vezes é como futebol: o ex-aliado vira o maior dos inimigos. Abraham Weintraub, depois de ver Bolsonaro se aliar ao Centrão abriu fogo: “Uma pessoa honesta não anda abraçada com o Collor, gente.
Uma pessoa honesta não anda abraçada com o Arruda [ex-governador do DF]. Não anda abraçado com essa súcia de que ele se cercou.
Se você estiver num chiqueiro, não vai encontrar ganso; vai encontrar porco. Bolsonaro podia ter escolhido vários caminhos, ele escolheu o caminho do chiqueiro. Se ele escolheu o caminho do chiqueiro, ele é porco. Não tem outra explicação pra isso.”
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