Vacina é a chave que abre as portas da economia campineira. Os setores da indústria e do comércio dividem a expectativa de retomada crescente a cada dose aplicada. Laerte Martins, economista da Associação Comercial Industrial de Campinas (Acic), projeta um mês de agosto de melhores números. José Henrique Toledo Corrêa, vice-diretor do Centro das Indústrias do estado de São Paulo (Ciesp), regional Campinas, aponta a melhoria do consumo como alavanca das indústrias que são fornecedoras da cadeia produtiva. E a secretária de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura, Adriana Flosi, cita números para embasar que a volta por cima está prestes a começar.
Campinas comemora o aniversário de 247 anos com mais de 700 mil moradores da cidade vacinados contra a Covid-19 com ao menos com uma dose. O plano de imunização prevê que, até setembro, toda a população paulista com mais de 18 anos estará coberta com a primeira dose. Baseados nessas projeções, indústria e comércio vislumbram que os últimos três meses do ano trarão muito do que foi perdido ao longo dos 16 meses de pandemia.
“É possível que já a partir de agosto o comércio de Campinas comece a sua retomada a níveis próximos ao faturamento médio (cerca de 80%) de antes da pandemia da Covid-19. A partir de outubro, com o avanço da vacinação, a retomada deve chegar próxima aos 100% do faturamento médio mensal antes da pandemia, que era de R$ 1,5 bilhão”, prevê Laerte Martins.
“Não existe um prazo para as indústrias voltarem ao faturamento médio de antes da pandemia. O que existe é que, tendo condições de demanda e oferecimento de matéria prima, rapidamente as indústrias retornarão a patamares de faturamento bastante interessantes”, explica o vice-diretor do Ciesp.
Campinas, afirma a secretária Adriana Flosi, já começou a retomada econômica, mesmo diante das limitações impostas pela pandemia. “Tivemos um crescimento de 60% na abertura de empresas este ano. De janeiro a maio, foram abertas 3.370 empresas na cidade: 59,7% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado. Nestes cinco primeiros meses do ano, 1.567 empresas foram fechadas, resultando um saldo positivo de 1.803 empresas: aumento de 63% em relação a 2020. E elas são, em sua maioria, empresas limitadas (Ltda), seguidas de Eireli. Portanto, não estão incluídas as que foram abertas por microeempreendedores individuais, que passaram a trabalhar por conta, após perderem o emprego”, confirma.
“A quantidade de vagas no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador (Cpat) cresceu 30% nos últimos meses”, afirma Adriana Flosi, secretária de Desenvolvimento Econômico
Mais números salientam a confiança de tempos menos difíceis para a economia de Campinas na metade final do ano. Adriana Flosi cita melhora na oferta de vagas de emprego, mesmo durante a pandemia. “Em Campinas, as vagas de emprego cresceram entre abril e maio de 2021. Nestes dois meses do ano passado, a cidade abriu 126 postos de trabalho, que aumentaram para 339 este ano. A quantidade de vagas ofertadas no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador (Cpat) cresceu 30% nos últimos meses, comparada ao começo da pandemia em 2020.”
As perdas no comércio campineiro, desde março de 2020 até maio de 2021, atingem R$ 2,616 bilhões, (considerando o montante que deixou de ser faturado no período), segundo Laerte Martins. No pós-pandemia, ele entende que deve ocorrer a recuperação do poder de compra do campineiro, porém, o consumidor irá adequar as compras à sua renda, com cautela, adquirindo primeiramente o mais necessário.
Nunes entende que as pessoas reagirão de maneiras distintas no pós-pandemia no que se refere ao consumo. “Uns vão sair à procura de bares, restaurantes, de retomar o tempo perdido, enquanto outros continuarão com receio da contaminação, das novas cepas. Serão comportamentos diferentes, que movimentarão a economia de formas diferentes. Os mais restritos do ponto de vista de isolamento alimentarão o consumo on-line.”
Na retaguarda dos esperados resultados positivos da vacinação em massa, a Prefeitura de Campinas prepara caminhos para facilitar e incrementar o empreendedorismo. “Realizamos um trabalho interligado com as outras secretarias e, em especial, com a de Finanças e com a sociedade civil. Estamos empenhados no processo de desburocratização. Nossa meta é fazer com que o estudo de viabilidade para se abrir uma empresa seja respondido em 24 horas. Hoje, é de 48 horas. Estamos muito focados na Lei de Inovação. E essas são apenas algumas das iniciativas em que trabalhamos para a nossa retomada econômica, seja durante ou no pós-pandemia”, detalha Adriana Flosi.
Rankings
O Ranking de Competitividade dos Municípios, divulgado no final do ano passado, pelo Centro de Lideranças Públicas (CLP) em parceria com a startup Gove e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), coloca Campinas em oitavo lugar na lista das cidades mais competitivas do país.
“É importante que se tenha crédito disponível para as empresas poderem financiar seu capital de giro, comprar matéria prima, rolar suas dívidas”, diz José Henrique Toledo Corrêa, vice-diretor do Ciesp, regional Campinas.
A 6ª edição do Ranking Connected Smart Cities aponta Campinas (SP) entre as dez cidades mais inteligentes e conectadas do Brasil, com o 4º lugar. A edição de 2020 do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), realizado pela Endeavor, em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), classifica Campinas em 10º lugar na categoria de Pilar de Mercado em 3º como Pilar de Inovação.
Todas as indicações ocorreram em período de pandemia e mostram que, apesar do abalo econômico do País, Campinas manteve posição de referência no cenário nacional. O sucesso das ações pós-pandemia, porém, depende de um conjunto de medidas e de incentivos facilitadores da retomada, como lembra o vice-diretor da Ciesp.
“A retomada vai acontecer, mas sabemos que as empresas têm todos os problemas que vinham antes da pandemia e pioraram com a pandemia. É importante que se tenha crédito disponível para as empresas poderem financiar seu capital de giro, comprar matéria prima, rolar suas dívidas. Os governos Federal, Estadual e Municipal com certeza precisam ajudar e o Congresso tem a missão de passar a reforma tributária e administrativa para ajudar a melhorar a condição financeira das empresas. Isso é fundamental.”