O Instituto Adolfo Lutz e o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde identificaram que a variante P.4 do novo coronavírus já circulava desde o início do ano em São Paulo, mas como P.1, a variante batizada de Gamma.
A descoberta ocorreu após constatação de uma nova classificação genética pela comunidade científica nacional e internacional, mediante a reanálise dos sequenciamentos genéticos feitos pelo Lutz e outros laboratórios da rede.
Não há até o momento evidencias que apontem maior potencial de transmissão ou agravamento dos pacientes infectados pela variante P-4.
A partir disso, foi detectado que a P.4 está presente em aproximadamente 20% das amostras analisadas desde o mês de janeiro em todas as regiões do Estado, com exceção do Vale do Ribeira. Os estudos mostraram que as regiões com maior predominância da P.4 são a Baixada Santista (36,96%) e Campinas (35,29%).
Com este cenário, a Gamma passa a representar 70% das amostras e não mais 90%, como antes da chegada da P.4. Diferentemente da primeira, esta não é considerada variante de atenção, ou seja, não há até o momento evidencias que apontem maior potencial de transmissão ou agravamento dos pacientes infectados.
Reclassificações filogenéticas ocorrem quando a comunidade científica obtém acesso a mais dados das amostras e, a partir disso, aprofunda os estudos nos organismos.
Ao sinal de que determinada parcela de vírus de uma linhagem compartilha certas características de linhagem semelhante, podem ser estabelecidas novas variantes ou a reclassificação de uma variante que antes era associada a um grupo. Estes estudos são possíveis por meio de estudos junto ao Gisaid, banco mundial de sequências genéticas.
“A reclassificação sistemática dos vírus é natural e ocorre à medida que se conhece mais sobre o agente infeccioso”
“A reclassificação sistemática dos vírus é natural e ocorre à medida que se conhece mais sobre o agente infeccioso durante a evolução da doença.
No caso da P.4, há exemplares da linhagem P.1 que foram incorporados a ela, além de outros que até então eram considerados como parte de outras variantes”, explica o diretor do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz, Adriano Abbud.
A coordenadora de Controle de Doenças, Regiane de Paula, reitera que os estudos sobre a linhagem P.4 seguem em curso. “Ainda não se pode dizer que ela impacta no número de casos, internações ou óbitos e somente com estudos poderemos encontrar respostas relacionadas a essa variante. Nossas equipes seguem analisando em múltiplas frentes este vírus, contribuindo com a Ciência e com as ações de combate à COVID-19 não somente no Estado de São Paulo”, afirma.
Regiões
As regiões do Estado com maior predominância da P.4:
Baixada Santista (36,96%)
Campinas (35,29%)
São José do Rio Preto (29,75%)
Sorocaba (29,75%)
Araraquara (27,97%)
São João da Boa Vista (22,45%)
Grande São Paulo (16,03%)
Barretos (12,24%)
Marília (8,57%)
Franca (6,25%)
Piracicaba (5,56%)
Presidente Prudente (5,56%)
Ribeirão Preto (5,56%)
Araçatuba (3,85%)
Bauru (3,70%)
Taubaté (3,39%).
As regiões do Estado com maior predominância da P.1:
Registro (90,91%)
Ribeirão Preto (86,11%)
Barretos (81,63%)
Bauru (77,78%)
São João da Boa Vista (73,47%)
Grande São Paulo (73,28%)
Piracicaba (72,22%)
Taubaté (72,88%)
Araçatuba (73,08%)
Araraquara (68,53%)
São José do Rio Preto (66,12%)
Sorocaba (66,12%)
Marília (62,86%)
Presidente Prudente (61,11%)
Franca (57,81%)
Baixada Santista (52,17%)
Campinas (46,22%)
Fonte: Governo do Estado de São Paulo