Sou psicóloga especializada nas questões que dizem respeito à dor. Seja ela física, do coração, da alma. Vamos tentar encontrar uma saída para algo que parece não ter solução. Existe alguém doente na família? Difícil encontrar quem não tenha, mas como estamos no Outubro Rosa, vou abordar uma doença específica e de tratamento complexo, o câncer.
Vamos começar pelos mecanismos de defesa. Por que nos defendemos? Por que, quando surge uma situação em que haja mudança no fluxo de nossa vida, a primeira atitude é nos proteger e nos defender? Eu poderia falar de muitas situações em que isso ocorre, porém vou me ater somente nos casos relacionados ao câncer.
Desde 1979 realizam-se estudos para identificar os tipos de mecanismos de defesa, ou seja, como uma pessoa reage no momento de enfrentar o câncer. Foram identificados quatro tipos de mecanismos, a maioria emprega mais de um deles, mas em geral, um predomina.
Primeiro: aceitação estoica. Aqui há uma avaliação realista dos fatos da doença que se manifesta por meio de uma atitude calma, fatalista e bastante passiva diante da doença. É a atitude mais comum de todas e está intimamente ligada a traços de personalidade encontrados com frequência em pessoas que desenvolvem o câncer.
Segundo: impotência, desamparo. A pessoa sente desespero em relação à doença e nenhuma motivação para se adaptar. Ela se abandona. É o mais próximo de um estado de depressão. Por exemplo, no caso de mastectomia, em que a amputação de um seio ou dois é inevitável.
Terceiro: espírito de luta. Aqui, o paciente está determinado a combater a doença e se recuperar dela.
Quarto: negação. É a incapacidade de assimilar o fato de conhecer o diagnóstico e suas implicações. Existe uma amnésia, um esquecimento aparente em relação a qualquer aspecto da doença, principalmente aqueles vinculados ao diagnóstico e, por conseguinte, há também uma incapacidade de fazer as perguntas apropriadas ao médico enquanto há tempo hábil para conversar.
Precisamos lembrar que estes comportamentos têm origem em nossa mente. Nós fazemos o que nós pensamos. Somos em nossa totalidade, resultado de nossos pensamentos.
Tudo o que nossa mente produzir, poderá cair em solo fértil e germinar, transformando-se em belos frutos, em ações que nos trarão uma vida confortável. Ou então, pode se transformar em ervas daninhas e espinheiros com a única função de nos machucar e nos fazer adoecer.
Portanto, se tudo começa na mente, é preciso não se deixar adoecer. Cuidar da nossa saúde mental e emocional traz ferramentas para que a gente possa enfrentar os desafios físicos e emocionais da vida.
Márcia Romão é Psicóloga Junguiana. Desenvolve Consultoria Empresarial e atendimento clínico em Campinas e região. Instagram: @marciaromaopsi