Esta quinta-feira (7) marca os 150 anos de João César Bueno Bierrenbach, mais conhecido como César Bierrenbach, ilustre campineiro, considerado um dos mais profícuos oradores. Foi também professor, jornalista e advogado. Por onde passou elevou o nome da cidade, sendo um dos fundadores do Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA) e ajudou a formar centenas de cidadãos com suas aulas no colégio Culto à Ciência. Sua vida, porém, foi precocemente abreviada, aos 35 anos, por um amor não correspondido.
Bierrenbach nasceu em Campinas, em 7 de abril de 1872, filho do capitão João Antônio Bierrenbach e Maria Clementina da Silva Bueno Bierrenbach. Por parte da mãe descendia de tradicional elite paulista. Do lado paterno era descendente de alemães. Foi educado nos colégios São Luís, de Itu, e no Ginásio do Estado, que mais tarde se tornaria o Colégio Culto à Ciência. Era fluente em inglês, espanhol, alemão, italiano e francês.
Cresceu no então bairro de Santa Cruz, hoje Cambuí, na região onde hoje está a Praça Quinze de Novembro, onde ficava a enorme propriedade de seu pai, que em 1857, inaugurou, na cidade, a primeira fábrica de chapéus.
Se formou, em 1892, na Faculdade de Direito de São Paulo. Aliás, naquela faculdade, seu talento de orador sempre se revelava nos momentos importantes, como no Congresso Latino-Americano, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1903. Apoiador do panamericanismo, discursou após ser incentivado por um delegado argentino.
“Levante-se e fale deverá ser o programa da América Latina. Sim, a América deve levantar-se e falar bem alto para que a Europa, o mundo inteiro saiba que, neste recanto do Universo, existe um povo que trabalha pelo Progresso, pelo bem geral da humanidade”, discursou de forma contundente.
Seus discursos de improviso eram capazes de acender o espírito dos ouvintes em torno de um objetivo comum, como quando conseguiu, apenas com a repercussão de sua poderosa oratória, interromper a cobrança de pedágio dos pedestres que atravessam o Viaduto do Chá, que ligava o bairro ao centro da capital.
Foi professor de História Natural no Colégio Carlos Gomes e também atuava como jornalista na imprensa campineira. Foi um dos defensores ferrenhos do traslado do corpo de seu amigo, o maestro Carlos Gomes, para Campinas, já que ele havia falecido em Belém, no Pará, para que seus restos mortais fossem sepultados aqui. Foi o orador da inauguração do monumento-túmulo, onde está sepultado o maestro. Também foi o responsável por trazer Alberto Santos Dumont para o cortejo e solenidade de inauguração do monumento, em 1906. Fez poema em homenagem à aeronave do inventor brasileiro, além de outras intervenções, sempre com o uso de sua vasta cultura, sendo amigo dos principais intelectuais da época.
Em 31 de outubro de 1901, foi um dos fundadores do CCLA, sendo seu primeiro secretário. Em 1904, fundou dentro do CCLA, o embrião do Museu Carlos Gomes, a partir de documentos e objetos que pertenceram ao maestro, criando uma coleção.
Apesar de culto, César Bierrenbach deixou pequena produção, mas considerada de excelente qualidade: Manifesto em favor da Independência de Cuba (1896); Brasílio Machado (estudo biográfico); Produções Literárias (Prosa e verso em dois volumes). Obra póstuma, publicada em 1937. Seus artigos eram publicados com o pseudônimo de Silvio Latino.
Sua biografia, que tinha todos os ingredientes para ser extensa e de grande influência, foi abreviada em 2 de julho de 1907, no Rio de Janeiro, por um amor não correspondido. Apaixonado por Hortênsia, filha mais nova do Barão do Rio Branco, e rejeitado por ela, se matou com um tiro no peito, de forma inesperada. Dois anos mais tarde, ela se casou com o adido diplomata e industrial belga Léon Hamoir.
Está sepultado em um túmulo na via principal do Cemitério da Saudade, em sua terra natal.
Em 06 de março de 1908, o então prefeito Orosimbo Maia, nomeou, em sua homenagem, uma rua da área central, que se chamava Rua do Góis. A decisão foi tomada a partir da iniciativa de comerciantes, que em 12 de dezembro de 1907, fizeram um abaixo-assinado com a solicitação. Em 1912, também foi eternizado em um busto, em frente à Igreja do Carmo.
Nesta quinta-feira, para celebrar os 150 anos de César Bierrenbach, a diretoria do CCLA estará, às 10h30, no Cemitério da Saudade, junto ao jazigo da família Bierrenbach, para depositar flores e relembrar a trajetória histórica do imortal tribuno.