Depois de mais de um ano de ensino remoto, alunos da rede municipal do Ensino Fundamental (Emef) devem voltar ao sistema de aulas presenciais nesta segunda-feira (26) em Campinas, em meio a tensão e muita polêmica.
Sindicato considera o retorno um risco para a comunidade acadêmica
A Secretaria Municipal de Educação considera o que o retorno é essencial para evitar mais perdas de desenvolvimento por parte dos estudantes, que estão sem aula presencial desde março do ano passado. O Sindicato dos Servidores Públicos, por sua vez, considera o retorno um risco à saúde de estudantes, professores e funcionários e ingressou com uma ação na Justiça na tentativa de evitar o retorno. Espera uma decisão judicial para esta segunda-feira (26) de manhã.
A entidade promete fiscalizar o retorno e garante que vai paralisar as atividades caso identifique alguma irregularidade ou desrespeito aos protocolos sanitários.
A diretora de Comunicação do sindicato, Rosana Medina, disse neste domingo (25) que haverá uma força-tarefa, que vai fiscalizar o cumprimento de relatórios da Vigilância Sanitária, “e onde forem diagnosticadas condições inadequadas, paralisaremos”, avisou ela.
Os últimos dados da Prefeitura – divulgados na sexta-feira (23) – indicavam 89.429 casos da doença e 2.893 mortes em Campinas. O sindicato argumenta que a cidade já tem mais de 5.200 casos de Covid-19 entre crianças e jovens e que as UTIs públicas continuam lotadas.
A vereadora Mariana Conti (PSOL) apontou, neste domingo, o que seria um tratamento desigual entre o que é dispensado ao prefeito Dário Saadi (Repub) e aos professores.
O prefeito usa máscara N95\PFF2 e dá máscara de pano aos professores, diz vereadora
“O prefeito Dário nas suas agendas, entrevistas e lives usa uma máscara bem adequada, de modelo N95/PFF2”, disse a vereadora. “Mas na hora de fornecer máscaras para profissionais da Educação retornarem às atividades presenciais, distribui máscaras de pano, que tem eficácia comprovadamente muito inferior às de modelo equivalentes a que o prefeito usa”, argumenta. “Isso é retorno seguro?”, questiona a vereadora.
Por meio de nota, a Prefeitura informou que o protocolo adotado pela Administração “segue a nota técnica 4 da Anvisa, que prevê máscaras de pano para essa situação”, afirma. “Para os casos em que o professor precisar ficar a menos de 1,5 metro do aluno, a proteção será reforçada com face shield”, garante a Administração.
O retorno
De acordo com o plano da Prefeitura, neste momento, as unidades poderão abrir para receber até 35% dos alunos. No total, estão matriculados 24.585 estudantes no Ensino Fundamental, Fumec e Ceprocamp. As crianças das creches municipais só retornam no dia 3 de maio.
De acordo com o plano da Prefeitura, neste momento, as unidades poderão abrir para receber até 35% dos alunos
A rede municipal em Campinas conta com 45 Emefs, mas quatro delas estão nos ajustes finais para atender às medidas sanitárias apontadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) e, por isso, têm a previsão de iniciar as atividades somente em 10 dias.
É o caso das unidades Leonor Savi Chaib (Jardim Nova York), Sérgio Rossini e Paulo Freire (ambas no Centro) e Clotilde Barraquet Von Zuben (Jardim Florence). As quatro unidades atendem a 1.275 alunos. Por enquanto, os estudantes destas unidades continuam em aulas remotas.
Medidas
A Secretaria Municipal de Educação promete que cada aluno receberá um kit contendo quatro máscaras não descartáveis e álcool gel individual. Os professores, além das máscaras, também contarão com protetor facial (face shield). As carteiras serão disponibilizadas com um distanciamento de 1,5 metro. Totens com álcool gel serão distribuídos em pontos estratégicos das escolas.
O retorno presencial é facultativo. Caso a família não queira, o estudante poderá acompanhar as aulas pelo sistema remoto. O conteúdo será o mesmo, diz a secretaria
Em virtude da constante necessidade de higienização de todos os espaços das escolas, o que inclui maçanetas das portas e carteiras, o período de aula será reduzido de cinco para três horas diárias. Nos dois turnos serão oferecidas duas refeições (café da manhã e almoço ou almoço e café da tarde).
O cronograma da rede municipal prevê, neste primeiro momento, um retorno híbrido, com aulas presenciais, mas também por meio da plataforma digital. Os alunos da Educação Integral e do Ensino Fundamental,terão aulas presenciais todos os dias. As turmas serão divididas em dois períodos: metade frequenta a escola pela manhã e o restante à tarde. O retorno presencial é facultativo. Caso a família não queira, o estudante poderá acompanhar as aulas pelo sistema remoto. O conteúdo será o mesmo, diz a secretaria.
Para saber quais as escolas que retornam nesta segunda acesse o link https://educa.campinas.sp.gov.br/vamos-retomar