As características rurais de boa parte dos bairros da Região Leste de Campinas ficaram no passado. Essas áreas deram lugar a vários loteamentos que transformaram a paisagem. Mas, apesar das mudanças, ainda há muito verde na região e que não está em situação de abandono ou exposto ao crescimento urbano desordenado. Um grupo se mobiliza para proteger a área e a ação, agora, está registrada.
Neste sábado (5) será lançado o vídeo “Conhecer para Preservar a APP do Jardim Miriam”. A exibição acontece a partir das 19h, no salão da Paróquia N. Sra. Conceição Aparecida, no mesmo bairro. O documentário, em parceria com a Vista Filmes, resgata a trajetória do Coletivo Cuidadores da Área de Preservação Permanente do Jardim Miriam e busca divulgar as riquezas naturais do espaço para que as pessoas ajudem na sua preservação.
O trabalho pode ser conferido no YouTube .
A locução valoriza os atributos da área de 656 mil metros quadrados, o trabalho das cuidadoras e cuidadores, e convida outros moradores a praticarem a chamada ecocidadania.
“Um dos objetivos do documentário é que mais pessoas conheçam essa APP, sejam voluntários e ajudem a manter a relação harmoniosa entre comunidade e meio ambiente”, destaca Helena Whyte, uma das voluntárias e fundadora do coletivo. “Para preservar é preciso conhecer e amar a APP”, completa Helena.
Área de Preservação Permanente são aquelas situadas no entorno e às margens de cursos d’água, como rios, córregos e nascentes.
Helena afirma que os desafios aparecem a cada dia e que reverter a degradação do espaço é um esforço permanente. “Muitas vezes, precisamos fazer mutirão para remover a grande quantidade de lixo que é descartada irregularmente no local”, exemplifica. “Há ocasiões em que acionamos a Prefeitura, pois são muitos materiais espalhados, como sofá, colchão”.
O maior problema que o coletivo encontra, no entanto, é a erosão, que leva o riacho no local a ser castigado pela enxurrada. Reuniões com especialistas e na Prefeitura já foram realizadas várias vezes em busca de uma solução, segundo Helena. “Estamos insistindo e novas reuniões estão agendadas”, detalha.
Por outro lado, o coletivo comemora algumas conquistas. “Temos alcançado resultados importantes para o equilíbrio da natureza, qualidade de vida e sobrevivência humana”, diz a voluntária. Uma das medidas comemoradas veio após uma luta do grupo com a Sanasa, segundo explica Helena.
“Havia uma estação elevatória de esgoto praticamente dentro da APP e ocorria vazamento para dentro do riacho. Depois de muita insistência, a Sanasa realizou três reformas e hoje há um reservatório que faz a captação do esgoto e as tubulações foram trocadas por manilhas maiores”, diz Helena.
A defensora do meio ambiente também acredita na instalação de um EcoPonto no local, uma reivindicação que deu origem a um abaixo-assinado entre os moradores.
“A Secretaria de Serviços Públicos abriu uma licitação para a criação de mais 40 EcoPontos em Campinas e, com certeza, um será instalado na região.”
A longo prazo, a expectativa é pela implantação de um Parque Linear na área por parte da Prefeitura. Projeto para o seu desenvolvimento o coletivo já tem. “Temos planos de educação ambiental. Algumas plaquinhas com informações, por exemplo, já estão prontas, assim como ideias de trilhas ao longo da mata. Um parque no setor poderá levar muitas melhorias e benefícios para a população local”, aponta Helena.
O coletivo começou a surgir no final de 2020, quando um grupo de moradores se uniu para recuperar, preservar e proteger a área verde presente na região do Jardim Miriam. “O grupo cresceu e agregou vários outros moradores do entorno”, explica Helena. “Lá, há atributos naturais relevantes, como árvores, nascentes e animais que precisam ser preservados”, comenta a ambientalista.