Movida pela fé, Ilza acorda todos os dias junto com o sol – ou um pouco antes dele – e, logo cedo, de joelhos, pede paz e muita saúde para toda a família e amigos, em oração. Com essa senhora amável, de 81 anos, aprendi muitas coisas sobre afeto, força e coragem. Tantas coisas que ela talvez nem tenha noção…
Me recordo de, quando criança, pedir para passar as tardes na casa da vó, onde muitas vezes passávamos toda a tarde sovando, moldando e assando biscoitos juntas.
Enquanto a conversa e as risadas iam e vinham, saiam biscoitos em formato de corações, bonequinhos e bichinhos e, depois de assados, tomávamos um cafezinho preto com nossos biscoitinhos deliciosos apreciando a companhia uma da outra.
Lembro que naquela época, a casa da vó estava sempre cheia de visitas das amigas e vizinhas, e até os dias de hoje a linha do seu telefone está sempre ocupada por alguém querendo saber notícias ou prosear com ela. Desse modo, rodeada de amigos, a vó carismática me ensinou que “devemos fazer o bem sem olhar a quem”.
Além disso, sua vitalidade e força me inspiram todos os dias. Pois apesar de ser paciente oncológica paliativa e ter que lidar com o câncer há anos, sempre que chega no consultório é com um sorriso no rosto e muito papo para colocar em dia com os outros pacientes e até mesmo enfermeiros e médicos. Ou quando, de manhã cedo, logo quando acorda já começa a fazer seus doces e pães caseiros que perfumam toda a casa e dão água na boca. Isso quando não está crochetando guardanapos ou toalhas que ela também vende!
A “Dona Ilza”, como a chamam, nunca está parada!

Em momentos como esses, de passar as tardes na casa da vó, de acompanhá-la nas consultas ou apenas de comer as delícias que ela faz, aprendi a enxergar a grandiosidade das coisas pequenas da vida.
Quem conhece algumas de suas lutas e conversa com ela por apenas alguns minutos já percebe a quão admirável e inspiradora ela é como pessoa.
Queria eu ter ao menos um pouco da coragem e garra que ela tem!

Tábita Luiza de Ávila Dutra, 18 anos, mora em Pelotas, Rio Grande do Sul. Está se preparando para ingressar na faculdade de medicina. Ela fez Academia Educar on-line e hoje atua como monitora e acredita que o protagonismo começa olhando para o outro.













