Em um cenário básico – nem pessimista nem otimista –, o PIB (Produto Interno Bruto) da construção deverá desacelerar, crescendo 3% em 2025, ante os 4,4% previstos para 2024. As projeções foram apresentadas pelo SindusCon-SP e pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), em entrevista coletiva à imprensa, em 11 de dezembro.
Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, comentou que, na cidade de São Paulo poderá haver uma velocidade maior de vendas e lançamentos de empreendimentos imobiliários. Além disso, mais obras de infraestrutura poderão resultar do plano de investimentos da Sabesp. Mas se houver uma elevação maior da taxa de juros, isso poderá levar a uma desaceleração maior do que a prevista no cenário básico, advertiu. Maiores os juros, menor o número de compradores de apartamentos de média e alta renda, completou.
Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, afirmou que no curto prazo os juros altos não impactam nas obras já contratadas. Mas investimentos privados e das concessões serão postergados se houver uma elevação muito alta dos juros, levando a uma desaceleração maior da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Juros altos também competem com a rentabilidade dos novos investimentos, lembrou.
O diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti, afirmou que as expectativas do setor na região acompanham as projeções da entidade para o Estado, com destaque local para a possibilidade de ampliação de empreendimentos sociais de interesse social, em razão de lançamento de uma ferramenta para aprovação de empreendimentos pela Prefeitura de Campinas.
“O Aprova Cohab Digital é uma ferramenta que traz transparência e agilidade nos processos de aprovação dos empreendimentos, o que é muito positivo para o setor da construção civil. Deverá trazer mais agilidade especialmente para o programa Minha Casa Minha Vida. Com isso deve aumentar nos próximos meses, a oferta de novas unidades dessa faixa em Campinas, com reflexos positivos para toda a cadeia produtiva regional da construção civil e principalmente para os consumidores”, explicou Benvenutti.
Com relação à falta de mão de obra, Estefan elencou as iniciativas adotadas pelo SindusCon-SP, como industrialização, digitalização, uso de Inteligência Artificial e capacitação profissional. O sindicato também pretende complementar os programas sociais, qualificando seus integrantes para saírem dos mesmos e trabalharem na construção. Além disso, a entidade quer integrar mais mulheres na construção. Hoje 12% dos trabalhadores no setor são mulheres. Ele anunciou que o SindusCon-SP assinará convênio com a Secretária Estadual de Educação, para a criação cursos técnicos de construção nas Etecs a partir de 2026.
O presidente da entidade comentou que muitos profissionais preferem empreender e não trabalhar em regime de CLT. Isso levanta a discussão sobre a necessidade de ajustar o regramento laboral, para tornar o setor formal da construção mais atrativo. Os salários dos qualificados têm se elevado.
Desempenho em 2024
Os dados deste ano mostram o aquecimento da construção, segundo Ana Castelo. Até setembro, o PIB do setor acumulava altas de 4,1% no País, de acordo com o IBGE, e de 4,9% no Estado de São Paulo, conforme a Fundação Seade.
O consumo de cimento aumentou 4,3% até outubro. Até aquele mês, as construtoras haviam criado cerca de 230 mil empregos com carteira assinada, dos quais perto de 45 mil no Estado de São Paulo e, destes, 19 mil na capital paulista. No país, nesses dez meses, a taxa de emprego se elevou em 7,6% no segmento de infraestrutura, 5,5% no de edificações e 4,7% no de serviços para a construção.
De janeiro a setembro, comparado ao mesmo período de 2023, as vendas de imóveis no País cresceram 19,7%, e os lançamentos imobiliários, 17,3%. O VGV (Valor Geral de Vendas) subiu expressivos 21%. As unidades enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) representaram 58,7% dos lançamentos e 43,6% das vendas. Até novembro, cerca de 500 mil unidades do MCMV haviam sido contratadas.
Em 2024, as empresas da indústria da construção tiveram dificuldades crescentes na contratação de mão de obra qualificada, e no custo desses colaboradores. Em pesquisa do FGV Ibre, 60,4% informaram ter dificuldades na contratação e retenção de pessoal. Trata-se do percentual praticamente idêntico ao de toda a indústria (60,2%).
Os empresários e executivos do setor foram indagados, em recente Sondagem da Construção do FGV Ibre, sobre as estratégias adotadas para superar essas dificuldades. Em resposta que permitia múltiplas assinalações, 43% informaram que investem em capacitação interna, 28% oferecem mais benefícios, 27% realocam colaboradores da empresa, 19% mudam processos para reduzir a dependência de mão de obra, e 18% aumentam salários.
Outra dificuldade aos negócios do setor foi o aumento dos custos, acima dos indicadores de inflação. Até novembro, o INCC-M (Índice Nacional de Custos da Construção) havia se elevado 5,80% no ano. O que mais pesou em sua composição foram os custos com mão de obra, que aumentaram 7,67%, seguidos de materiais e equipamentos (+4,59%) e serviços (3,97%). Pesquisado em dez capitais do país, o INCC-M registro o maior percentual de aumento nesses 11 meses em São Paulo (+6,48%), seguido do Rio de Janeiro (6,36%) e de Recife (6,29%).











