Cá estamos nós, minha querida leitora, meu caro leitor, já passando da metade do mês de Fevereiro, nem parece que atravessamos o “infinito” mês de Janeiro… Gostaria de convidar você a refletir comigo, sob o olhar da filosofia, o tema, ou melhor: a data comemorativa na qual estamos inseridos; o Carnaval. Posso contar com sua companhia? Ótimo, então vamos lá!
Eu sou leitor informal de livros de filosofia desde os anos 2.000, lá sem vão 25 anos de estudos, incluindo o diploma universitário para atuar como professor em tal disciplina escolar. Em meio a toda essa literatura filosófica, eu sempre me identifiquei com a teoria existencialista, de autores como Kierkgaard, Sartre, Heidegger, Camus e Bauman dentre outros que defendem o vazio existencial que temos em nós. Há ainda pensadores que defendem que nós somos angústia, e dela podemos tentar escapar.
Na psicanálise, Freud expõe a teoria do escapismo, ou seja, a fuga da realidade: do nada. Um Nada que, segundo o francês Sartre somos nós! Pois bem, mas você aí lendo esse parágrafo acima poderia estar me perguntando: mas e o Carnaval, onde adentra nessa reflexão torta? Vamos à ela!
Podemos generalizar, com suas exceções, expondo que, grosso modo, o ser humano é movido por expectativas, lidando com cotidianos sobrecarregados de cansaço físico e mental, estresse, e tais pessoas na maioria dos casos estão infelizes por não terem o que gostariam de ter (principalmente no quesito bens materiais) e outros ainda são infelizes por já terem tudo o que queriam ter e isso não os satisfaz… Aqui adentra não só o Carnaval, mas toda e qualquer oportunidade de fuga da rotina avassaladora que consuma a energia emocional do indivíduo em questão. É como se ao estarmos ociosos, sem nada para fazer, nossa mente dá um jeito de encher-nos com preocupações, angústias, aflições, ansiedade…
E é aí que o ser humano busca esquecer-se de tudo o que compromete sua saúde física e mental, seu bem-estar (o escapismo de Freud na psicanálise), é a busca insaciável por preencher o vazio emocional, o vazio existencial se entregando, mergulhando de cabeça em festividades das mais diversas e o Carnaval é uma das principais no nosso calendário ocidental. Eis aí praticamente quatro dias e uma noite de pura busca por entretenimento, diversão, que na maioria dos casos acaba em tragédias, com pessoas passando dos limites racionais, enchendo a cara, no uso de entorpecentes, na sexualidade… É uma data onde praticamente “vale tudo” e a principal desculpa quando houver qualquer tipo de repressão, será que “… não estavam em estado de sã consciência”.
Tudo passa; até mesmo o período de diversão, o cidadão pode curtir cada segundo do Carnaval, mas ao final dele irá ter que de acordar cedo e ir trabalhar, voltar à rotina, ao estresse, ao cotidiano desfavorável e nada alegrador, esperando assim o final de semana, outro feriado, as férias, o final do ano, a aposentadoria e… E, não sei…Penso que a vida é curta e breve, não sei se nessa passagem devemos viver como se não houvesse o amanhã, pois ele estará com ou sem você.
Não estamos sem tempo, ele sempre esteve lá em suas 24 horas, nós é que pertencemos a ele e, na maioria dos casos atuais, não conseguimos nos organizar para produzir o que queremos dentro dele.
Eu particularmente fico entediado no Carnaval, são alguns dias que parecem um mês, uma eternidade, mas essa é a minha percepção, você aí tem a sua, use-a como base para sua comemoração, buscando equilibrar razão e emoção. Um grande abraço.
Thiago Pontes Thiago Pontes é Filósofo, Psicanalista e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial