É com essa frase, do título deste artigo, que dou início a essa reflexão e quero muito sua companhia minha cara leitora, meu caro leitor. A frase foi retirada do filme Rocky III, expressada pelo personagem Apollo Creed treinando o personagem Rocky para a revanche do cinturão de campeão mundial de boxe. Rocky, cabisbaixo, havia acabado de sofrer uma grande perda, a de seu treinador, e com isso perdeu a luta que valia seu título.
Assim cabisbaixo não via mais sentido em lutar. Foi nesse contexto que o personagem Apollo gritou com veemência olhando nos olhos de Rocky (que estava sem motivação e entusiasmo para treinar), Rocky diz: “Amanhã, vamos treinar amanha…”, e Apollo então responde em tom enérgico: “Não vai haver amanhã!”. Vamos ver como a cena do filme que retratei acima se encaixa em nossa rotina? Venha comigo, acompanhe-me, por favor.
Traumas e lutos são “normais” em nossa rotina, uma vez que não controlamos a vida como ela é, apenas nossa reação mediante as contingências da vida. Sendo assim, também vejo como sendo normal a pessoa ficar cabisbaixa, desanimada, entristecida por algum fato ocorrido em sua vida.
Esse período é conhecido na psicanálise como a fase de “luto” (que não necessariamente é a perda de alguém), mas tem a ver com os dias após o impacto emocional sofrido. Faz-se necessário respeitá-lo, mas o olhar atento tem que se fazer presente quando esse período se estende muito, passando do considerado um tempo “plausível” para aquela situação ocorrida. Sendo assim, entra então a fase da busca de ajuda, seja por meio de familiares, amigos e terapeutas (a psicanálise, por exemplo).
Na terapia psicanalítica é natural que ocorra, paulatinamente, a busca das origens do trauma, as origens dos bloqueios emocionais, o que de fato ocorreu que, na maioria das vezes, sequer lembramo-nos e que impactou nossa vida, e que fora armazenado em nosso inconsciente.
Nesse processo então é natural que o analista vá através da chamada ‘transferência’, criando intimidade e empatia para com seu analisando e assim fazendo com que ele se abra, não só para o analista, mas se abra a ponto de usar-se na prática da livre associação de ideias, o que resulta no encontro do que originou toda a frustração, decepção, desânimo, ansiedade, depressão dentre outros impactos emocionais.
Quando mencionei o trecho do filme no início desse capítulo, foi justamente para trazer à tona a iniciativa de não deixar para amanhã, não deixar para depois, a atitude de buscar solucionar o problema pelo qual você passa. “Não vai haver amanha!”, no caso, quer dizer algo como “Vamos parar de sofrer, de se vitimizar e dar o primeiro passo para ressignificar seus problemas emocionais para darmos a volta por cima e amadurecer com eles? Vamos fazer isso hoje, se desculpas?”.
Essa ideia de procrastinação é muito comum no ser humano, deixar para depois, e depois e depois… Assim acabando por acumular (de modo negativo) as mais diversas coisas, como sujeiras na casa, trabalho, doenças… Isso remete à preguiça? A falta de liderança, de inciativa? Será que, buscar a mudança cansa? Buscar mudar, mexendo nas feridas da alma, da psique, dói e assim então é melhor reclamar, procrastinar e seguir em uma zona nada confortável?
Quando pensamos em uma linha temporal, não controlamos o tempo como ele é, muito pelo contrário, estamos nós inseridos nele e, com muita sabedoria temos a oportunidade de ‘tentar’ gerenciar o nosso tempo, a nossa rotina, os nosso planos.
Isso sem dúvida desgasta a mente, pois geralmente a busca por terceirizar, por outorgar as decisões é mais oportuna, pois se der certo, ficamos felizes e assumimos com responsabilidade as escolhas tomadas, mas se der errado, é mais fácil se vitimizar, reclamar, chorar, espernear e dizer que não foi culpa nossa.
Essa é uma linha de pensamento chamada de existencialista, criada pelo francês Jean-Paul Sartre, que recebe o nome de Má-Fé, delegar à outras pessoas as escolhas da sua vida, abrindo mão de sua responsabilidade e das consequências. Talvez seja mais conveniente, pelo menos é o que constato nas pessoas que convivem ao meu entorno.
Portanto, passado o período de tristeza devido as adversidades da vida, ouso escrever aqui a frase dita por Apollo ao Rocky, sou eu dizendo para você que quer deixar para amanhã a busca por ajuda, pela cura pela fala (advinda da psicanálise)e que leva sim tempo e quanto mais o início da busca demorar, pior será e mais demorada será o resultado positivo em sua vida, então, meu caro leitor, minha querida leitora, sabia que: “Não vai haver amanhã, não vai haver amanhã!”. Dê hoje o primeiro passo para que a cura ocorra no seu devido tempo!
Thiago Pontes Thiago Pontes é Filósofo, Psicanalista e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial