Tem início no próximo domingo (4) a Semana Guilherme de Almeida, promoção da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas. O evento, que segue até 11 de julho é gratuito, virtual e este ano terá a participação de poetas do Brasil e da América do Sul, do Peru, e uma programação bem diversificada com batalha de poesia, poemas de cordel, haicais, declamação, leitura dramática, músicas, palestras e debates sobre a vida, a trajetória e as obras desse poeta campineiro.
A Semana será transmitida no canal do Youtube Cultura Abraça Campinas. A programação segue durante a semana e já está disponível no https://semanaguilhermedea.wixsite.com/2021.
A abertura será às 15h, por meio de uma live que terá a participação da secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, do diretor de Turismo, Gabriel Rapassi, de Renata Alexsandra, da Coordenadoria Setorial de Bibliotecas, Maria Cristina de Oliveira, da União Brasileira de Trovadores, Ana Maria Negrão da Academia Campinense de Letras e Teresa Azevedo, do Projeto Ondulações com um bate-papo sobre “Faces de Guilherme de Almeida”.
“Gostaríamos de fazer um sarau presencial, mas a Semana Guilherme de Almeida no formato on-line foi preparada com todo carinho para passar ao público a mesma emoção e toda a riqueza do nosso grande poeta, um dos maiores patrimônios da cidade de Campinas”, disse a secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli. “A finalidade ao revisitar a vida e obra de Guilherme de Almeida é proporcionar o protagonismo e interação de poetas e artistas vivos campineiros e até de outros cantos do mundo. Nosso desejo é tornar a cada ano mais conhecido ‘o príncipe dos poetas brasileiros’ e assim encontrar novos amantes da poesia e da arte. Vamos juntos trazer para Campinas um pouco mais de poesia e arte em tempos tão sombrios que estamos passando”, destaca a coordenadora setorial de Bibliotecas, Renata Alexsandra da Silva.
Destaques
Para a Semana Guilherme de Almeida, a escritora e poetisa de Campinas, Teresa Azevedo e outros participantes do Projeto Ondulações, apresentaram a vida e obra do poeta através de áudios e vídeos produzidos por voluntários para o poeta Miguel Reinoso do Peru, os homens privados de liberdade do Centro de Progressão Penitenciária de Hortolândia, deficientes visuais, usuários do Instituto Campineiro de Cegos Trabalhadores de Campinas e homens e mulheres refugiados da ONG África do Coração, São Paulo.
A partir do conhecimento da vida e obra de Guilherme Almeida, haverá a participação de algumas pessoas dessas entidades que produzirão poesias, música e outras artes de sua própria autoria e serão divulgadas em vídeo na programação da Semana. Um poeta trovador do Norte do Peru, Miguel Reynoso, participará com um vídeo em espanhol em homenagem ao poeta, acompanhado de seu violão e vestido com o seu traje típico de chalan.
Haicais e poesia
Alunos do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental da EMEF Profª Angela Cury Zakia vão participar da Semana revisitando os versos autorais criados no ano passado, que foram produzidos após conhecerem os Haicais de Guilherme de Almeida. Haicais são poemas curtos de origem japonesa. Esta é a terceira edição que a escola tem sua participação na Semana por meio da interação com a Biblioteca Pública Distrital de Sousas “Guilherme de Almeida”, localizada em Sousas.
Na edição de 2021, a produção é uma continuidade dos trabalhos, diz o professor Paulo Campos, mas com um olhar diferente dos alunos, pois alguns já retornaram presencialmente à escola. Os professores trabalharam com orientações de língua portuguesa, métrica do haicai, leitura, nuvem de palavras. A produção teve como tema expressões de saudade, esperança e outros sentimentos vividos em pandemia que serão retratados no vídeo que será apresentado no dia 08/07.
Para fechar a Semana haverá uma live com o Slam do Meio, um evento que acontece na região central de Campinas desde 2017. Originalmente chamado como Batalha de poesia, ele traz voz da periferia para ser ouvida em todos os cantos da cidade tendo como princípio de que qualquer cidadão é capaz de ter uma opinião válida sobre a vida, sociedade e a arte, não necessitando de formação acadêmica para tal.
Príncipe dos Poetas
Guilherme de Almeida, poeta e ensaísta, nasceu em Campinas, em 24 de julho de 1890, e faleceu em São Paulo, em 11 de julho de 1969. Filho do jurista e professor de Direito Estevam de Almeida, estudou nos ginásios Culto à Ciência, de Campinas, e São Bento e Nossa Senhora do Carmo, de São Paulo. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1912. Dedicou-se à advocacia e à imprensa em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi redator de O Estado de São Paulo, diretor da Folha da Manhã e da Folha da Noite, fundador do Jornal de São Paulo e redator do Diário de São Paulo.
A publicação do livro de poesias “Nós” (1917), início de sua carreira literária, e dos que se seguiram, até 1922, de inspiração romântica, colocou-o entre os maiores líricos brasileiros. Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, fundando depois a revista Klaxon. Percorreu o Brasil, difundindo as ideias da renovação artística e literária, em conferências e artigos, adotando a linha nacionalista do Modernismo, segundo a tese de que a poesia brasileira “deve ser de exportação e não de importação”. Os seus livros “Meu” e “Raça” (1925) exprimem essa orientação fiel à temática brasileira.
A sua entrada na Casa de Machado de Assis significou a abertura das portas aos modernistas. Formou, com Cassiano Ricardo, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia e Alceu Amoroso Lima, o grupo dos que lideraram a renovação da Academia Brasileira de Letras. Em concurso organizado pelo Correio da Manhã foi eleito, 16 de setembro de 1959, “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.
Foi membro da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Seminário de Estudos Galegos, de Santiago de Compostela e do Instituto de Coimbra. Traduziu, entre outros, os poetas Paul Géraldy, Rabindranath Tagore, Charles Baudelaire, Paul Verlaine e, também, a peça “Entre quatro paredes”, de Jean Paul Sartre.
*Com informações da Prefeitura de Campinas