A primeira semana do Super Mundial de Clubes da FIFA atraiu muitas atenções em termos globais, com grande parte dos jogos partidas sendo disputada sob um calor intenso, de mais de 30 graus. Complicado para atletas e torcida, considerando que, dos onze estádios que sediam o campeonato, oito não têm cobertura ou apenas cobertura parcial, como indicou em relatório a organização Fossil Free Football.
A ver o impacto desse calorão no Super Mundial, mas já é certo que, no campeonato das mudanças climáticas, todos sairão perdedores.
A prestigiada agência norteamericana Nasa acaba de divulgar dados alarmantes, confirmando que os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais intensos. Os números relativos a esses eventos, no ano de 2024, alertou a Nasa, foram o dobro da média verificada entre 2003 e 2020.
Segundo os dados da agência espacial dos Estados Unidos, a intensidade mensal de secas e inundações por área afetada chegou a mais de 4 mil quilômetros cúbicos em 2024 (com pico de 6,1 mil km3), o dobro da média verificada entre 2003 e 2020.
Na avaliação da Nasa, a tendência é de agravamento do cenário nos próximos anos, mantida a evolução de anos cada vez mais quentes, em função das mudanças climáticas. Um dos impactos, alerta, é o efeito nos sistemas de armazenamento e abastecimento de água, por causa se secas e enchentes cada vez mais fortes.
Pois apesar desse alerta mais do que inquietante, o fato é que os bancos mais poderosos do mundo continuam financiando a indústria de combustíveis fósseis, como acaba de denunciar outro relatório, de uma coalizão internacional de organizações da sociedade civil, de enfrentamento das mudanças do clima, incluindo Sierra Club, BankTrack, OilChange e Indigenous Environmental Network.
De acordo com esse relatório, os 65 maiores bancos do mundo (sendo os três primeiros dos Estados Unidos) comprometeram US$ 869 bilhões para empresas de combustíveis fósseis em 2024, o que significa US$ 162 bilhões a mais do que no ano anterior.
Trata-se de um volume de recursos inacreditável, considerando todos os dados que estão sendo divulgados constantemente pelos institutos mais sérios de meteorologia e outros semelhantes.
Ainda de acordo com o levantamento da coalizão de organizações, US$ 429 bilhões foram destinados pelos 65 maiores bancos para empresas que pretendem expandir seus investimentos nos próximos anos, contra todas as demandas globais pelo contrário, ou seja, a aceleração da transição energética, dos fósseis para fontes de fato renováveis.
Nada justifica esse recuo do sistema financeiro internacional, que em 2021, com o apoio das Nações Unidas, lançou a Net Zero Bank Alliance, criada com o propósito de reduzir o financiamento para a indústria dos fósseis e facilitar a transição energética.
No início de 2025, entretanto, menos da metade dos 65 grandes bancos internacionais continuava membro daquela aliança.
Todos esses elementos apontam imensos desafios para a COP-30, que será realizada em novembro em Belém. Haverá força suficiente para deter essa ganância inexplicável e suicida pela exploração de mais petróleo e gás natural, quando o mundo anseia por outras fontes, eólicas, solares e outras? E o Brasil, dará o exemplo? A indagação permanece e apenas uma grande mobilização da cidadania planetária poderá evitar a derrota coletiva na copa do mundo que interessa, a da sobrevivência do planeta ou da civilização como conhecemos.
José Pedro Martins é jornalista, escritor e consultor de comunicação. Com premiações nacionais e internacionais, é um dos profissionais especializados em meio ambiente mais prestigiados do País. E-mail: josepmartins21@gmail.com











